Datafolha: ‘Marçal PCC’ e campanha por voto útil asfaltam subida de Nunes. Por Sakamoto

Atualizado em 12 de setembro de 2024 às 20:16
Montagem de fotos de candidatos à Prefeitura de São Paulo em debate Gazeta/MyNews: da esquerda para a direita, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Ricardo Nunes, José Luiz Datena e Tabata Amaral, todos virados pra frente
Candidatos à Prefeitura de São Paulo em debate Gazeta/MyNews: da esquerda para a direita, Guilherme Boulos, Pablo Marçal, Ricardo Nunes, José Luiz Datena e Tabata Amaral
Imagem: 1º.set.2024-Reprodução/YouTube

Por Leonardo Sakamoto

Publicado originalmente em UOL

Ricardo Nunes (MDB) está numericamente em primeiro lugar na disputa pela Prefeitura de São Paulo na pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta (12), após uma campanha em rádio e TV que vinculou o ex-coach Pablo Marçal (PRTB) ao PCC e que espalhou a ideia de que o prefeito seria o mais capaz de vencer, no segundo turno, a esquerda. Ou seja, o deputado Guilherme Boulos (PSOL).

Nunes passou de 22% para 27%, Boulos de 23% para 25% e Marçal de 22% para 19%. A margem de erro é de três pontos. Com isso, tecnicamente, Nunes está empatado com Boulos e Boulos está com Marçal, mas Nunes não está com Marçal.

A deputada Tabata Amaral (PSB) foi de 9% para 8% e o apresentador José Luís Datena (PSDB), de 7% para 6%. Como a taxa de indecisos não variou (4%), Marçal perdeu votos para Nunes.

Como disse aqui anteriormente, o esperado clima de polarização nacional da eleição de São Paulo foi antecipado do segundo para o primeiro turno, com Nunes, Boulos e Marçal nas primeiras colocações, petismo e bolsonarismo, bem afastados dos demais pelotões.

Pablo Marçal e o presidente do PRTB, Leonardo Avalanche, suspeito de ligações com o PCC. Foto: Reprodução

A polarização faz dobradinha com o voto útil. A onda Pablo Marçal, que rachou a extrema direita e colocou em xeque a posição do prefeito no segundo turno, obrigou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), num cálculo frio, mirando não apenas as eleições de 2026, mas também o seu poder político até lá, vir a campo e antecipar a defesa do voto útil no seu campo. Sabe que terá problemas se Marçal vencer. Estreou, assim, o discurso baseado em pesquisas de que Nunes é a direita com mais chance de ganhar da esquerda.

Ao mesmo tempo, a campanha de Nunes foi para cima de Marçal, com os fazendeiros de seu latifúndio de rádio e TV semeando a desconfiança entre os eleitores, pedindo para que procurem no Google as relações do seu adversário com o PCC e seu histórico criminal de furto qualificado. Isso somado à superexposição na mídia, à ação de vereadores de sua base nas periferias e ao uso da máquina municipal, ajudou ao prefeito recuperar intenções de voto.

Marçal passou de 44% para 48% e, agora, para 42% dos votos no campo bolsonarista, enquanto Nunes foi de 30% para 31% e, neste momento, 39% nas três últimas pesquisas Datafolha. Ou seja, Nunes pegou parte dos bolsonaristas de Marçal, provavelmente o naco menos radicalizado. Aquele que era malufista no passado e aquele que seguiu o berrante do capitão, mas tem saudade de um tucano-raiz.

No sábado (7), Marçal tentou hackear o ato bolsonarista na avenida Paulista, aparecendo no final e tentando subir no carro de som para produzir vídeo. Foi impedido pelo pastor Silas Malafaia, organizador do evento. Seu oportunismo foi criticado pelo próprio Jair.

Ainda há terreno para o empresário com um discurso que, no conteúdo, mistura uma versão motivacional da teologia da prosperidade, antipolítica e propostas inexequíveis e, na forma, agressividade, lacração e cortes de vídeos voltados às redes sociais. A prova de fogo é o retorno dos debates eleitorais, uma vez que Marçal não conta com tempo de rádio e TV e precisa de bambu (debates) para flechas (cortes de vídeos).

Neste momento, Nunes tem se vendido como bolsonarista desde criancinha, apesar de Jair ainda não ter gravado nenhum programa para ele. Hoje, o prefeito quer os vídeos com Jair. A dúvida é se ele ainda vai querê-los caso passe para o segundo turno, considerando a alta rejeição do ex-presidente na capital paulista, maior que a de Lula.