Segundo uma pesquisa do Datafolha, os eleitores do presidente Lula (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) concordam em alguns temas quando questionados, como a relação entre política e valores religiosos, a aceitação da homossexualidade e benefícios concedidos a criminosos. No entanto, discordam sobre a possibilidade de o país se tornar comunista, o direito ao porte de armas e de valores democráticos, tais como os benefícios do golpe de 1964 e a limitação da liberdade de expressão nas redes sociais.
As perguntas foram feitas de 12 a 14 de junho, com 2.010 entrevistados em 112 cidades do país, tendo como margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Assim como nos resultados gerais, os eleitores de Lula demonstram apoio a bandeiras consideradas conservadoras, enquanto os eleitores de Bolsonaro expressam opiniões progressistas.
Um dos temas que reflete essa contradição é a aceitação de pessoas LGBTQIA+. Tanto os eleitores de Lula quanto os de Bolsonaro concordam com a aceitação da homossexualidade pela sociedade, mas apoiam a formação da família por um homem e uma mulher.
Globalmente, 75% dos entrevistados afirmam ser favoráveis, total ou parcialmente, à aceitação da homossexualidade. De forma semelhante, 72% concordam com a ideia de que uma família é composta apenas por um homem e uma mulher.
Outro assunto em que os dois grupos apresentaram posicionamentos semelhantes é a relação entre política e religião para o desenvolvimento do Brasil.
Tanto os eleitores do petista quanto os do ex-presidente veem com bons olhos a união entre atuação política e valores religiosos. Entre os votantes de Bolsonaro, 46% concordam totalmente e 24% discordam totalmente desse elo entre política e religião para o progresso do país. Já entre os eleitores do presidente Lula, 51% são totalmente favoráveis a essa ideia, enquanto 19% são completamente contrários.
Outro tema que revela contradições entre pautas progressistas e conservadoras no eleitorado é a opinião sobre a quantidade de benefícios concedidos a pessoas presas ou condenadas. 84% dos bolsonaristas e 58% dos lulistas entendem que sim.
O limite de expressão nas redes sociais é um dos principais pontos de divergência. Mas a maior diferença nas respostas aconteceu quando a pergunta foi sobre a possibilidade do Brasil virar um país comunista. Cerca de 73% dos eleitores do ex-presidente acreditam na possibilidade do país deixar o modelo capitalista sob o governo petista, enquanto apenas 31% dos eleitores de Lula consideram essa ideia.
Além disso, também há divisões entre os grupos de eleitores quando questionados sobre a ditadura militar que ocorreu no Brasil de 1964 a 1985. Os eleitores de Lula discordam mais sobre a ideia de que o regime autoritário trouxe benefícios para o país, com 55% sendo totalmente ou parcialmente contrários a essa ideia, em comparação com 40% dos eleitores de Bolsonaro.