De datilógrafo a vaqueiro, governo federal mantém 10 mil funcionários ‘obsoletos’

Atualizado em 4 de fevereiro de 2024 às 18:36
Edifício do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Foto: Divulgação

Profissões como açougueiro, vaqueiro, recreador e vendedor de artesanato nem sempre são associadas ao setor público. Cerca de 10 mil servidores no Executivo Federal, representando 2% do total permanente, ocupam cargos em áreas aparentemente obsoletas, como editor de videoteipe, e em funções hoje desempenhadas por terceirizados, como cozinheiros.

Especialistas destacam que a reestruturação de carreiras no Estado é crucial para evitar a obsolescência. A proposta visa tornar as atribuições dos servidores menos específicas, possibilitando assim a atuação em diferentes órgãos públicos.

José Celso Cardoso Jr., secretário de Gestão de Pessoas do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), revela que o governo planeja reduzir as tabelas de salários e os agrupamentos de carreiras, buscando uma abordagem mais “racional”.

O governo pretende publicar uma portaria neste mês com diretrizes para orientar o processo de reestruturação. A iniciativa está alinhada ao Concurso Nacional Unificado, que abrange sete áreas do conhecimento, incluindo funções mais universais como analista de tecnologia da informação.

José Celso Cardoso Jr., secretário de Gestão de Pessoas do Ministério da Gestão e da Inovação. Foto: Divulgação

Cardoso destaca a necessidade de racionalização do sistema, transformando cargos vagos e obsoletos em funções mais amplas e modernas. Atualmente, há excesso de funcionários em cargas atípicas, como financiador de instrumentos musicais e eletricista de espetáculo.

O processo de reestruturação busca equacionar disparidades salariais, como no caso de um operador de máquina de lavanderia ganhando R$ 4.000, enquanto um recreador recebe cerca de R$ 7.000, conforme dados de dezembro de 2023 do Painel Estatístico de Pessoal do governo federal.

A reestruturação é essencial, pois muitas funções atípicas já deixaram de existir por lei, mas ainda são ocupadas por profissionais. A estabilidade do servidor permite que eles permaneçam na posição até a aposentadoria, quando a carreira é extinta.

Especialistas apontam ainda que muitas dessas profissões atípicas são heranças de uma época em que os contratos no setor público eram predominantemente de regime jurídico único, garantindo estabilidade aos servidores.

O secretário José Cardoso Jr. reforça que equiparações remuneratórias já estão nos planos do governo, buscando corrigir defasagens salariais entre servidores. Ele enfatiza a importância de racionalizar a estrutura administrativa para promover um ambiente de trabalho mais colaborativo e engajar os servidores em suas áreas de atuação.

Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link