De mil mortes não passarás, a ordem do Odorico ao contrário. Por Fernando Brito

Atualizado em 8 de junho de 2020 às 21:01
Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

Publicado originalmente no Tijolaço:

Por Fernando Brito

Odorico Paraguaçu, lendário personagem de Dias Gomes em O Bem-Amado ganhou um antípoda em Jair Bolsonaro.

Enquanto o prefeito de Sucupira esperava, ansioso, o primeiro cadáver para inaugurar o cemitério, o psicopata presidencial quer fechar os nossos, na base no “não quero que morram mais de mil por dia”, revela o Estadão, informando que o Governo mudou divulgação de dados de covid após Bolsonaro exigir menos de mil mortes por dia.

Os demais, é claro, virarão, “almas penadas” estatísticas, permanecendo no limbo.

A estratégia do Palácio do Planalto é uma tentativa de demonstrar que não há uma escalada da doença fora de controle e, ao mesmo tempo, apontar que há um exagero da imprensa. A ideia de Bolsonaro é mostrar que o número de mortes nunca esteve acima de mil por dia, mas apenas a consolidação dos dados de pacientes que morreram em datas anteriores.

Mas afinal, Bolsonaro, se morreram, estão mortos por coronavírus, pois não? Como o Ministério da Saúde kaput o histórico de dados não é possível saber se foram “distribuídos” por datas anteriores.

Mas é possível ter ideia do que nos espera pelo crescimento do número de casos detectados de infecção pelo vírus, que continua crescente: os dados de ontem, domingo, foram 10% maiores que os do domingo anterior e o maior para domingos desde o início da pandemia.

anti-Odorico, ao que parece, vai ficar tão frustrado quanto o original, interpretado por Paulo Gracindo, mas pelo excesso de corpos a enterrar. Seu projeto de “limitar” em mil as mortes não dura nem por hoje e, amanhã ou depois, o mais tardar, vai receber ordem judicial para restabelecer o sistema anterior.

Talqualmente Odorico, ficará apenas como um idiota perante o Brasil e o mundo, à espera que o Zeca Diabo nos carregue.