Wenlock.
Você com certeza já ouviu falar esse nome – o do mascote dos Jogos Olímpicos de Londres de 2012. (Meu pequeno sobrinho Antônio, a quem dei um bonequinho em sua recente passagem por Londres, decidiu chamá-lo de Zé Caolho por ter um olho só.)
A história por trás do nome é ainda mais bonita que o mascote.
É uma homenagem a um visionário quase desconhecido fora da Inglaterra, William Penny Brookes. Se há um tipo de homem de quem você pode dizer que sabe tudo, esse era o caso de Brookes. Cirurgião, dominava a botânica e a matemática, e falava várias línguas. Fora tudo, tinha uma profunda consciência social.
Inspirado nos Jogos Olímpicos da Grécia, ele criou em 1850 uma competição destinada a estimular a prática de esporte em sua cidade, a pequena Wenlock. Com pouco mais de 2 000 habitantes, Wenlock – a rigor Much Wenlock, para distinguir da vizinha Little Wenlock, ainda menor — fica a 200 quilômetros de Londres.
Brookes, que lutou pela inclusão de educação física no currículo das escolas, entendia que o esporte, fora os benefícios para a saúde, era também um meio de ascensão social. Na década de 1880, ele recebeu em Wenlock a visita de um aristocrata francês que sonhava em reviver as Olimpíadas – o Barão de Coubertin.
Coubertin pôde ver as Olimpíadas de Wenlock – e, mais que isso, teve a chance de conhecer pessoalmente as idéias de Brookes. Uma delas era mudar de cidade a cada vez. Pouco depois, Coubertin montaria o Comitê Olímpico Internacional. Em 1898, as primeiras Olimpíadas da era moderna foram disputadas na Grécia que fora berço delas.
Brookes tinha morrido alguns anos antes. Ainda hoje, são disputados jogos em Much Wenlock. O oportuno nome dado ao mascote de Londres 2012 vai tirar da poeira a memória do homem que é, sem exagero, o pai das Olimpíadas Modernas.