Débora Diniz sobre Flordelis: narrativa religiosa do bolsonarismo justificou o fora-da-lei

Atualizado em 25 de agosto de 2020 às 16:29
Debora Diniz critica Flordelis. Foto: Reprodução/Unicamp/Wikimedia Commons

Publicado originalmente no Instagram da autora

POR DEBORA DINIZ, antropóloga

Uma deputada federal é acusada de mandar matar o marido, um pastor. Como é parlamentar, a deputada não será presa. Além dela, uma cambada de gente da família está envolvida no crime: tem filhas, neta, o número chega a onze. Será festa no camburão para a cadeia, se me permitem a imaginação.

O assustador não é só a matança em família por dinheiros da igreja, mas, segundo as notícias, a justificativa oferecida pela deputada para matar o marido-pastor: era melhor marido morto que ser uma senhora divorciada na igreja. “Não queria escandalizar o nome de deus”.

O que é escandalizar o divino para essa gente? A resposta pode ser rápida: “isso é gente mentirosa”. Está bem se assim for, mas por que usam a palavra da fé para justificar bandidagem? Porque são fanáticos. Roubam sem misericórdia de gente pobre, matam com crueldade para enriquecer sozinhos, porém falam a voz que creem reverberar no mundo que circulam.

Nem toda pessoa de fé é fanática. Ao contrário. O que fez o redemoinho de ódio do bolsonarismo foi uma espoliação da narrativa religiosa para justificar o fora-da-lei.

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