Publicado originalmente no blog Tjolaço
POR FERNANDO BRITO
Política é, também, saber observar de onde vem o vento.
A súbita re-união Jair Bolsonaro-Sergio Moro, ao ponto de o primeiro ter exibido o segundo como troféu na ONU é sinal de que, ao menos por enquanto, tocou reunir na tropa da extrema direita e isso só ocorre, sabem os militares, quando é necessário entrar em posição defensiva, mesmo que seja para contra-atacar.
A derrota dos vetos presidenciais à lei de abuso de autoridade, ontem, embora previsível, assumiu ares de confrontação com Moro explícitos.
Tanto que, neste momento, a turba bolsomorista fala em “ucranizar” o Congresso, numa referência ao comediante Volodymyr Zelenskiy, eleito presidente do país quase sem partido e que dissolveu o Parlamento, para eleger outro que lhe fosse caninamente fiel.
Hoje à tarde, o STF analisa pedido semelhante ao que a 2ª Turma acolheu, há quase um mês, anulando uma sentença do então juiz Moro e poucos esperam um resultado diferente daquele 3 a 1.
À exceção de Luís Roberto Barroso e Luiz Edson Fachin, não há sinais de que outros ministros vão fazer enfrentamento mais forte e o próprio Luiz Fux, o “we trust”, dependerá do que o seu senso de oportunidade lhe ditar.
A decisão de hoje tem mais importância do que a tomada há um mês. Se confirmar-se a decisão, será a primeira derrota de Moro no plenário do Supremo.
Não esperem reação civilizada da matilha.
O processo político volta se radicalizar, em escala muitíssimo maior do que a registrada até agora, período em que, exceto por escaramuças pontuais, o centro e a direita formaram com Bolsonaro.