Declaração de Bolsonaro sobre apropriação de prova no caso Marielle surpreende políticos de oposição

Atualizado em 2 de novembro de 2019 às 18:27
Brasília (DF), 23/05/18. Marcha dos prefeitos 2018 – Jair Bolsonaro. Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Originalmente publicado no Brasil de Fato

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) admitiu à imprensa neste sábado (2) que pegou o áudio das ligações da portaria de seu condomínio, no Rio de Janeiro (RJ), para que impedir que o material fosse “adulterado”. As gravações, segundo reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, veiculada na última terça-feira (29), poderiam provar o envolvimento do capitão reformado com o assassinato de Marielle Franco, então vereadora pelo PSOL, em março de 2018.

“Nós pegamos, antes que fosse adulterada, ou tentasse adulterar, pegamos toda a memória da secretária eletrônica que é guardada há mais de ano. A voz não é a minha”, declarou Bolsonaro.

Segundo a TV Globo, um porteiro do condomínio de Bolsonaro contou à polícia que, horas antes de participar do assassinato de Marielle, o ex-policial militar Élcio de Queiroz esteve no local e disse que iria à casa 58, que pertence ao presidente. O “seu Jair” teria atendido à ligação e autorizado a entrada. Naquele dia, o então deputado Jair Bolsonaro estava em Brasília (DF).

Reações

A declaração de Bolsonaro neste sábado causou espanto e indignação em políticos da oposição.

Ivan Valente, deputado federal pelo PSOL, questionou por meio das redes sociais: “Como o principal suspeito teve acesso às provas? Essa história está muito estranha. Golpista é capaz de tudo. Por que o porteiro se meteria com milicianos?”.

O advogado Paulo Teixeira, que é deputado federal pelo PT, fez um alerta: “Bolsonaro pode ter destruído provas, ao pegar as gravações do condomínio”.

Na quarta-feira (30), o Ministério Público negou a versão do porteiro e disse que foi o PM aposentado Ronnie Lessa, outro suspeito do assassinato da vereadora, quem liberou a entrada de Queiroz no Condomínio Vivendas da Barra em março de 2018. Ambos estão presos há sete meses.

No dia seguinte, veio à tona a informação de que Carmen Eliza, uma das promotoras que investigava a morte de Marielle Franco, é admiradora de Bolsonaro e fez várias postagens nas redes sociais contra a esquerda e em defesa do capitão reformado. Na última sexta-feira (1º), ela pediu afastamento do caso.