Delação indica que mandante do assassinato de Marielle teria foro privilegiado

Atualizado em 23 de janeiro de 2024 às 9:17
A vereadora Marielle Franco foi assassinada por milicianos em 2018. Foto: Reprodução

A delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, apontado como autor dos disparos que resultaram na morte da vereadora Marielle Franco (Psol), pode finalmente trazer à tona a identidade do mandante do crime ocorrido há quase seis anos.

Lessa, já sob investigação da Polícia Federal (PF) desde fevereiro do ano passado, concordou em revelar o responsável pelo crime em troca de benefícios legais. A delação está atualmente no Superior Tribunal de Justiça (STJ), sugerindo que o mandante possa ter foro por prerrogativa de função, conforme informações do jornal O Globo.

Faltando menos de dois meses para o sexto aniversário do crime, em 14 de março, a delação de Lessa pode ser crucial para a conclusão do caso. No entanto, as informações fornecidas pelo ex-PM precisam ser confirmadas pelos agentes federais do Grupo Especial de Investigações Sensíveis (Gise), especializado em casos complexos como o assassinato de Marielle e do motorista Anderson Gomes.

Antes de Lessa, a PF já obteve a delação de Élcio de Queiroz, outro ex-PM, que admitiu dirigir o carro usado na emboscada contra a vereadora. Élcio mencionou o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Domingos Brazão em seu acordo. Com foro privilegiado, há a possibilidade de Lessa ter citado o nome de Brazão, cuja delação está nas mãos do ministro Raul Araújo, do STJ.

O ex-PM Ronnie Lessa, investigado por efetuar os disparos que mataram Marielle, está preso desde 2019. Foto: Reprodução

Brazão já havia sido investigado por diversas instâncias antes da delação, mas nada havia sido comprovado contra ele. A Polícia Federal, inclusive, buscou avaliar a diligência da Polícia Civil do Rio na investigação inicial, conhecida como “investigação da investigação.”

O ex-delegado Leandro Almada, atual superintendente da Polícia Federal do Rio, produziu um relatório de 600 páginas em 2019, desmascarando uma farsa que incriminava o miliciano Orlando Oliveira de Araújo e o então vereador Marcello Siciliano. Ferreirinha, ex-policial militar, apresentou-se como testemunha para criar uma versão falsa contra Orlando da Curicica, seu ex-chefe, com o objetivo de tomar seu território após sua prisão.

Atualmente, Almada, como superintendente da PF, encarregou o Gise de desvendar o mandante do crime após receber a missão do ex-ministro da Justiça Flávio Dino e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Com o prazo até março, dado pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, a delação de Lessa pode ser um passo crucial para desvendar os mistérios que envolvem a morte de Marielle Franco. Além de Brazão e Siciliano, a Polícia Civil investigou o ex-bombeiro e ex-vereador Cristiano Girão.

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