Alexandrino Alencar, um dos principais delatores da Operação Lava Jato, relatou como foi pressionado para falar sobre Lula em um acordo de colaboração. “Isso é um sistema anticorrupção? Ou é uma questão direcionada?”, questionou ele em entrevista para o filme “Amigo Secreto”, de Maria Augusta Ramos.
Alexandrino diz que o petista era “o principal alvo” dos procuradores e a pressão se dava para chegar “ao limite da verdade” para envolver Lula em sua delação. “Era uma pressão em cima da gente. E estava nítido que a questão era com o Lula”, afirma
O relato prossegue com o delator dizendo que eles insistiam em perguntar sobre “o irmão do Lula, o filho do Lula, não sei o que do Lula, as palestras do Lula”. “Nós levávamos bola preta, ‘ah, você não falou o suficiente’. Vai e volta, vai e volta. ‘Senão, não aceitamos o teu acordo'”, prossegue.
Alexandrino também conta que outros delatores mentiram para poder assinar os acordos de colaboração e ter redução de pena. “Se eu falasse mais, eu estaria inventando. Estaria contando uma mentira como aconteceu com alguns que você sabe, notórios, que mentiram para tentar escapar”.
O ex-executivo da Odebrecht ainda conta que os interrogadores soltaram um dos investigados após ouvirem uma menção a Aécio Neves:
“Não vou dizer o nome do santo. Mas tem colega meu que foi preso em Curitiba, chegou lá, o pessoal começou a perguntar sobre caixa dois e ele falou: ‘Isso aqui é para o Aécio Neves’. Na hora em que ele falou, eles se levantaram e soltaram ele”.
A informação é da coluna de Mônica Bergamo na Folha.