O PSDB que elegeu como seu novo presidente o ex-deputado Bruno Araújo (PE) nesta sexta, 31, em sua 15ª Convenção Nacional, está “aparelhado” para pavimentar o caminho para que o governador de São Paulo, João Doria, dispute com o grupo de Jair Bolsonaro o voto da extrema direita na eleição à presidência em 2022.
Pela primeira vez desde que foi fundado por Franco Montoro, na segunda metade da década de 80, o partido não teve delegados (filiados com direito e voto na Convenção) paulistas indicados pela base do partido.
No Estado de João Doria, os delegados –124 – foram indicados por prefeitos, vereadores, deputados e lideranças da legenda e só nomeados após consentimento de Doria.
A articulação faz parte do processo hegemônico que pretende levar o PSDB para o campo conservador, com a defesa do neoliberalismo, sem levar em conta princípios históricos como defesa de minorias e justiça social.
Além de delegados nomeados a dedo, sem passar pelo crivo da votação pelos militantes, o gestor mandou promover uma limpa na estrutura partidária estadual: dezenas de diretórios de cidades do interior onde perdeu a eleição para Márcio França no ano passado foram destituídos.
Cidades importantes como Santos, Osasco, Embu das Artes, Pindamonhangaba (terra do ex-governador Geraldo Alckmin) sofreram intervenção.
Além dessas, foram retaliadas outras especialmente na Baixada Santista, Vale do Paraíba, Vale do Ribeira e pequenos municípios na região de São José do Rio Preto, área de influência do vice-governador Rodrigo Garcia (DEM).
Na Convenção dessa sexta, algumas divisões ficaram expostas, especialmente entre a ala jovem.
Houve empurra-empurra envolvendo grupos ligados a Doria e ao ex-presidente Fernando Henrique, que apoiou Júlia Jereissati, sobrinha do senador Tasso Jereissati, à presidência da seção Jovem do partido.
Num sinal de que o partido vai buscar um alinhamento à direita no campo ideológico, participaram da Convenção o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ex-senador e presidente do MDB, Romero Jucá.
Em entrevista no meio da tarde, já anunciado presidente, Bruno Araújo disse que o PSDB terá uma postura de independência em relação ao governo Bolsonaro e fará oposição quando achar necessário.
“[Teremos] uma posição de absoluta independência. Se for necessário, oposição nos momentos em que haja discordância, e há”, afirmou o tucano, admitindo que o foco principal neste primeiro momento é atender o interesse do setor empresarial, hoje a clientela mais importante do partido, na defesa da reforma da Previdência nos moldes propostos pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.