Em depoimento à Polícia Federal na quarta-feira (16), o hacker Walter Delgatti Neto omitiu informações que revelou na CPMI dos Atos Golpistas nesta quinta-feira (17).
Investigadores dizem que, além dos R$ 40 mil que ele alega ter recebido de Carla Zambelli (PL) para invadir sistemas do Judiciário, ele disse à PF que a deputada lhe enviou um texto de um falso mandado contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
De acordo com fontes ouvidas pelo G1, no depoimento à polícia, Delgatti não falou dos seguintes pontos mencionados na CPMI: promessa de Jair Bolsonaro (PL) de lhe conceder um indulto caso fosse preso por ação contra urnas eletrônicas, promessa de emprego feita por parte da Zambelli na campanha do ex-presidente, grampo em Moraes, pedido de “código-fonte” fake que teria partido de Duda Lima e orientações ao Ministério da Defesa na elaboração de relatório sobre urnas.
Todos esses pontos e demais detalhes dados à Comissão serão abordados no novo depoimento que a Polícia Federal marcou para Delgatti. O hacker conversará com as autoridades novamente amanhã, em Brasília.
De acordo com fontes do STF e da PF, não existe nenhum indício de que Alexandre de Moraes tenha sido grampeado ilegalmente, conforme afirmou Delgatti.
Na CPMI, ele disse que, em um encontro com Bolsonaro, ouviu que o entorno do então mandatário havia conseguido grampear o magistrado, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O político do PL teria pedido que ele assumisse a autoria do grampo.
“Segundo ele [Bolsonaro], eles haviam conseguido um grampo, que era tão esperado à época, do ministro Alexandre de Moraes. Que teria conversas comprometedoras do ministro, e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo”, contou.
Na Comissão ele também falou que recebeu a sugestão de criar um “código-fonte” falso para provar que a urna eletrônica poderia ser fraudada. A ideia teria partido do marqueteiro Duda Lima.
O hacker também afirmou que Bolsonaro lhe prometeu um indulto (perdão presidencial) caso ele fosse condenado ou preso por ações a respeito das urnas: “A ideia ali era que eu receberia um indulto do presidente. Ele havia concedido um indulto a um deputado federal. E como eu estava com o processo da Spoofing à época, e com as cautelares que me proibiam de acessar a internet e trabalhar, eu visava a esse indulto. E foi oferecido no dia”.