Augusto Nunes, 73 anos, foi demitido da Jovem Pan nesta segunda, um dia após a derrota de Bolsonaro para Lula.
A emissora não divulgou os motivos, alegando “cláusulas de confidencialidade” no contrato. Augusto começou lá em 2016 para atuar no rádio e depois migrou para a TV, que se tornou um bastião do jornalismo canalha e do fascismo bolsonarista.
Ele estava afastado desde a semana passada, após descumprir ordem do TSE de não divulgar fake news sobre Lula. No Twitter, Augusto reforçou que chamou Lula de “ladrão, ex-presidiário, descondenado e amigo de ditadores”.
O comunicado de sua ex-empregadora é sucinto:
“Em comum acordo, O Grupo Jovem Pan e o jornalista Augusto Nunes entenderam por bem pôr fim à parceria de trabalho que estava vigente há mais de cinco anos, através da empresa do Augusto, Lauda Comunicação Ltda, sem qualquer animosidade ou juízo de valor.
Os termos e detalhes do deslinde não serão objetos de comentários por conta de o contrato de origem estar acobertado e protegido por cláusula de sigilo e confidencialidade. O Grupo Jovem Pan agradece o jornalista Augusto Nunes e deseja sucesso nas novas fronteiras que ele haverá de desbravar.”
O histórico do jornalista é recheado de polêmicas. Lançado em 2019, o livro “Os Onze”, de Felipe Recondo, traz bastidores do Supremo Tribunal Federal, alvo preferencial de Augusto e de seu ex-patrocinador Jair Bolsonaro.
Num trecho, Recondo conta que Gilmar Mendes teria mandado mensagens de WhatsApp a Augusto e a seu patrão na Jovem Pan, Antonio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o “Tutinha”.
O assunto seria, entre outros, drogas. Essas informações estão no capítulo 4, intitulado “Supremo Devassado”.
“O Fux me ameaçar? Augusto, vc tah abusando da cocaína: se cheirar, não grave, não fale, não escreva. Mas, no STF, eu defendo a discriminalização do consumo… Assim vc não será preso. Augusto, vou comunicar os seus empregadores de que vc anda me atacando sob o uso de cocaína”, escreveu Gilmar a Nunes, segundo Recondo.
Depois se dirigiu ao patrão dele.
“Tutinha, vc viu a informação divulgada pelo Augusto Nunes. Ele parece estar abusando de cocaína”, disse o ministro do STF ao empresário de mídia.
Em 2020, Gilmar criticaria ainda “a face oportunista e embusteira” de Augusto Nunes após ataques a Celso de Mello.
“As manifestações odiosas dirigidas hoje ao decano do STF só revelam a face oportunista e embusteira de um jornalismo manipulador e descomprometido com a verdade. Curiosamente, em 2012, o autor das críticas de hoje encabeçou a campanha ‘Fica, Celso de Mello’”, disse.
Soa irônico: o Min. Celso foi agraciado pela Associação Nacional de Jornais com o “Prêmio Liberdade de Imprensa 2019” – um dos poucos que aceitou receber nos seus anos de Supremo. Celso é espelho das mais nobres virtudes que um Juiz Constitucional pode cultivar.
— Gilmar Mendes (@gilmarmendes) February 29, 2020