Segundo publicação do jornalista Daniel Castro, do Noticias da TV, demitido pela Record após registrar Boletim de Ocorrência na polícia contra o apresentador Geraldo Luis, o motorista Ismael Oliveira Silva, 47 anos, decidiu levar o caso à Justiça. Nesta sexta (23), ele irá até o distrito policial da Mooca, na zona leste de São Paulo, prestar queixa-crime, o que irá gerar a abertura de um inquérito e, mais para a frente, uma ação criminal por injúria racial. Paralelamente, entrará na Justiça Trabalhista com um processo de assédio moral contra o titular do Domingo Show.
Geraldo Luis nega as acusações e diz que tem em suas “veias sangue afrodescendente”. “As afirmações são absurdas e absolutamente inverídicas!”, falou por meio de advogado.
Ismael Oliveira Silva conta que vinha sofrendo humilhações de Geraldo Luis havia quase uma década. Começaram quando o apresentador estava no Balanço Geral e Silva era assistente de câmera. “Desde 2010, ele tinha mania de me chamar de porcaria e de neguinho”, conta. Aguentou até 16 de agosto deste ano, quando, trabalhando como motorista, ao buscar o apresentador em uma gravação, teria sido vítima de um chilique.
Geraldo Luis, registrou Silva em boletim de ocorrência horas mais tarde, sentou-se no banco do passageiro ao lado do motorista e abriu a porta violentamente ao perceber que ele era o condutor do veículo. “Ele saiu falando palavrões: ‘Puta que o pariu, já falei, porra! Só me mandam porcaria nessa merda’. Chamou um produtor e mandou tirar as coisas dele do carro”, afirma.
Silva voltou à Record com o carro vazio e fez uma queixa no departamento de Recursos Humanos. Uma sindicância interna, no entanto, inocentou Geraldo Luis. O motorista diz que a emissora manipulou a apuração, ouvindo apenas uma testemunha, um produtor amigo do apresentador. A emissora nega.
A ousadia de registrar um boletim de ocorrência, informada em primeira mão pelo Notícias da TV, custou-lhe o emprego. Silva foi definitivamente afastado da Record na última sexta-feira (16). Foi sua segunda demissão da emissora. A primeira ocorreu em 2013, do cargo de assistente de câmera. Ele voltou em 2015, como motorista.
Silva diz que tomou a decisão de processar Geraldo Luis porque foram muitos anos de ofensas. Elas pioraram depois que ele relatou a seus chefes na Record que o apresentador atrasou o retorno de uma gravação no interior de São Paulo em mais de duas horas porque, no caminho, parou em um centro espírita. “Depois desse dia, ele virou o diabo para o meu lado”, lembra.
Uma das jornadas do motorista, entre a casa de Geraldo Luis e o aeroporto de Cumbica, terminou em choro. “Ele reclamou o tempo todo que o carro balançava. Imagina, não tem buraco na marginal [Tietê]. Foi terrível, o cara foi até Guarulhos me xingando. Cheguei lá e chorei de raiva”.