Denúncias contra “Lava Jato peruana” podem mudar destino de ex-presidente

Atualizado em 9 de novembro de 2024 às 12:18
Ollanta Humala, ex-presidente do Peru, julgado pela “Lava Jato peruana”. Foto: reprodução

O grupo Prerrogativas, formado por advogados e juristas críticos da Operação Lava Jato no Brasil, entregou documentos a jornalistas peruanos e à defesa do ex-presidente Ollanta Humala, alegando que as investigações no Peru sofrem dos mesmos problemas observados nas operações brasileiras.

Segundo o grupo, essas investigações apresentam “os mesmos vícios e irregularidades” que marcaram a Lava Jato, conforme destacou o advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Prerrogativas.

Representantes do grupo, incluindo o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, estiveram no Peru para participar de um debate sobre direito processual penal. Em entrevista coletiva, Cardozo afirmou que as investigações no Peru “não foram feitas com profundidade nem imparcialidade”, criticando o modo como informações foram obtidas e compartilhadas com as autoridades peruanas.

O caso de Ollanta Humala, que responde por suposto uso de caixa dois em campanhas eleitorais, envolve acusações de que a empreiteira Odebrecht teria transferido fundos para o ex-presidente peruano. Os recursos teriam sido administrados por Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda do Brasil.

No entanto, em uma carta apresentada pelo grupo Prerrogativas, Palocci nega veementemente qualquer envolvimento: “Jamais solicitei qualquer contribuição, dinheiro ou outra forma de ajuda à pessoa, ao partido ou à campanha de Ollanta Humala Tasso”, escreveu. Ele ainda afirmou nunca ter tido contato com Humala ou Marcelo Odebrecht sobre o caso.

Marco Aurélio de Carvalho, advogado e coordenador do Grupo Prerrogativas. Foto: reprodução

O Prerrogativas também apresentou dados da Operação Spoofing, que analisou mensagens vazadas entre procuradores da Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro, popularizadas como “Vaza Jato”. As conversas revelaram colaborações entre procuradores brasileiros e autoridades peruanas, em processos onde alegações de ilegalidade na troca de informações entre os países passaram a ser questionadas.

Carvalho destacou que “os elementos tornados públicos pela Vaza Jato indicam que as mesmas ilegalidades perpetradas pelas autoridades brasileiras foram replicadas no Peru”.

Segundo ele, procuradores da Lava Jato, liderados por Deltan Dallagnol, usavam informações de origem duvidosa, obtidas junto ao procurador suíço Stefan Lenz, para justificar ações como prisões temporárias e preventivas no Brasil e no Peru.

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