Ladies & Gentlemen:
Boss me conta que a imprensa brasileira (nota da tradutora: no original, Brazilian press) está apontando um problema dramático na seleção: a dependência de Neymar.
Tive que rir, nacturally.
Problema seria depender de um perna de pau. (No original: wooden leg.) Todos os grandes times do mundo, seleções ou não, dependem de um craque.
O Barcelona de Neymar, por exemplo, depende de Messi. Messi em boa fase, como na temporada 2014-2015, leva o Barcelona a títulos e vitórias em sucessão.
Com Messi rendendo menos, como em 2013-2014, o Barcelona é uma sombra do que é com ele em boa forma. Pode perder até do São Paulo.
A maior seleção que já existiu, a do Brasil de 1970, dependia de Pelé. Até fora do gramado. Vi, num documentário, um dos jogadores dizer que eles olhavam para Pelé no vestiário, antes do jogo, e sabiam que nada poderia derrotá-los.
É uma situação típica de esportes coletivos. Na NBA, o Cavaliers depende de Lebron James, assim como o Bulls dependia de Michael Jordan.
O real drama, como falei acima, é quando um time não tem de quem depender. Foi o que aconteceu, durante anos, com meu Manchester City.
Hoje, dependemos de Yaya Touré, e estamos muito felizes com isso.
Neymar está se projetando para ser um dos maiores jogadores do mundo. Ele tem, como se viu ontem na vitória sobre o Peru, virtudes extraordinárias: dribla, improvisa, arremata bem com os dois pés e dá assistências perfeitas, como a que resultou no gol da vitória.
E é jovem. Tem muitos anos de futebol pela frente. Isso significa que a seleção brasileira poderá depender dele por muito tempo.
Ladies & Gentlemen: depender de Neymar, ou de Messi, ou de Pelé, ou de Maradona, não é um problema. É uma solução.
Sincerelly.
Scott
Tradução: Erika Kazumi Nakamura