Ao lado do infectologista Fernando Cardoso, investigado pelo INSS, o médico bolsonarista Ricardo Zimerman será ouvido na CPI da Covid nesta sexta (18).
Ele recebeu R$ 30 mil para produzir um manual do “tratamento precoce” ao Ministério da Saúde em novembro de 2020.
Além do documento, que nunca foi publicado, ele possui outras “polêmicas” eu seu currículo, conforme mostrou o DCM em maio:
Foi revelado que Eduardo Pazuello encomendou um manual do “tratamento precoce” em novembro do ano passado, quando deveria estar em busca de vacinas contra a covid-19.
O pedido foi feito à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) pelo Ministério da Saúde, que escolheu o infectologista Ricardo Zimerman para fazer o tal material.
Zimerman é bolsonarista, defensor do “kit-covid” e recebeu R$ 30 mil para produzir o documento.
Além deste manual, que nunca foi divulgado, o portfólio do médico tem outras curiosidades.
Ele foi um dos responsáveis, com Flávio Cadegiani, pelo estudo da proxalutamida, um bloqueador hormonal propagandeado como “nova cloroquina”.
O estudo da droga, aliás, teve indícios de fraude e morte desnecessária de voluntários, conforme mostrou a colunista Malu Gaspar no Globo:
(…) Um dos slides [do estudo] dizia que, dos 590 voluntários, 294 receberam a substância e 296, um placebo. Teriam ocorrido 12 mortes entre os que tomaram o remédio e 141 óbitos entre os que não tomaram. A diferença entre a quantidade de mortes demonstraria uma eficácia de 92,2% para a proxalutamida.
Embora pareça um resultado extraordinário, esse dado é justamente o que mais preocupa os pesquisadores consultados pela equipe da coluna. Um deles é Mauro Schechter, infectologista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro que já conduziu estudos clínicos envolvendo o vírus HIV.
Para ele, considerando que o estudo se propôs a testar a proxalutamida apenas em pacientes leves e moderados, a taxa de mortalidade de 47,5% é muito alta – próxima da registrada em 2020 no Amazonas para pacientes de UTIs no início de 2020, e bem maior do que a média brasileira em grandes cidades e hospitais de referência, de 30%.
Nesse contexto, Schechter afirma que o estudo teria que ter sido interrompido assim que as mortes começaram a se avolumar. “Com essa taxa de eficácia, com 40 participantes eu já teria 10 mortes no grupo placebo e apenas uma entre os pacientes que tomaram o remédio. Então para que continuar até os quase 600 voluntários e esperar que morressem quase 150 pessoas?” (…)
Zimerman também integrou a “missão Manaus”, que propagandeou a cloroquina na cidade pouco antes do colapso.
A missão foi aquela comandada pela “Capitã Cloroquina”, que será ouvida na CPI da Covid.
O infectologista também cuidou de Osmar Terra, negacionista da pandemia, quando ele foi transferido para a UTI.
Ele é conhecido nas redes bolsonaristas por fazer lives e participar de entrevistas propagandeando o “tratamento precoce”.
Já esteve ao lado de Leda Nagle, Rodrigo Constantino e no programa de Luís Ernesto Lacombe na RedeTV.