Depois do enterro de Guilherme, ao que tudo indica assassinado por PMs, amigos marcam novo protesto

Atualizado em 16 de junho de 2020 às 13:47

O jovem Guilherme Silva Guedes, de 15 anos, foi sepultado hoje no cemitério Jardim da Paz, Embu das Artes, depois que seu corpo foi localizado ontem num IML em São Paulo.

Guilherme tinha sinais de tortura, um tiro na mão e outro na cabeça. O corpo foi encontrado em Diadema e levado para necrópsia no IML da avenida Luiz Carlos Berrini, Zona Sul de São Paulo.

PMs que trabalham como segurança em um supermercado da Vila Clara são suspeitos do homicídio.

No velório, os parentes de Guilherme demonstravam um sentimento entre a incredulidade e a revolta. Quem é capaz de aceitar que um menino seja assassinado? Ainda mais de maneira tão brutal? Ainda mais sendo inocente?

Sim, inocente. Segundo testemunhas, ele foi confundido com jovens que haviam entrado em um galpão da Sabesp para alimentos vencidos descartados pelo Supermercado.

Ainda que ele estivesse entre os invasores que procuravam algo para comer, justifica o assassinato? Claro que não.

Revoltados, moradores colocaram fogo em um ônibus ontem e protestaram. A PM reprimiu a manifestação, mas os amigos pretendem voltar a protestar hoje.

Marcaram a concentração para daqui a pouco, às 16 horas, perto da escola Edmea Attab, na rua R. Olivério Girondo, 127, onde ele estudava.

Vidas negras importam.

O advogado Arnóbio Rocha, da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em São Paulo, acompanhou o velório.

Em entrevista ao DCM, na live Café da Manhã, ele comentou o caso, na linha do que havia postado na rede social, depois de ir ao bairro onde morava o garoto e ver o protesto.

“Por que apontamos o dedo para um ônibus queimado e silenciamos para as mortes bárbaras?”

O apresentador César Tralli, da Globo, disse em um jornal local que a queima do ônibus era um notícia muito ruim para quem necessita de transporte coletivo na cidade. E um transporte já tão precário…

E a morte do garoto?

Mais uma morte de um negro na periferia, ao que tudo indica por forças policiais. Um crime que não pode ser naturalizado. Fica a pergunta:

Quando chegará ao Brasil o dia do basta?

.x.x.x.

Veja a entrevista de Arnóbio ao DCM: