Igor Roque, derrotado na semana passada na disputa pelo cargo de Defensor Público-Geral, alegou que sua derrota foi “uma mensagem política” ao governo de Lula (PT) para não indicar o ministro da Justiça, Flávio Dino, para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF).
No último dia 25, o Senado rejeitou a indicação de Roque com 38 votos contrários e 35 favoráveis. O número de votos contrários à sua indicação superou a oposição na Casa, indicando que seu nome foi rejeitado tanto pela oposição quanto por membros da base do governo.
“A rejeição ao meu nome para o cargo de defensor público-geral federal é uma possibilidade legítima, uma decisão que cabe ao Senado; entretanto, conforme abertamente declarado, naquele dia no plenário e nas redes sociais, foi um recado para o governo não indicar Flávio Dino ao Supremo, em vez de ser uma apreciação de fato da situação da Defensoria Pública”, afirmou Roque em um artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo nesta terça-feira (31).
Vale destacar que ele enfrentou forte pressão da ala conservadora do Senado, que o associou à organização de um seminário sobre o aborto na Defensoria. No artigo, Roque também questionou como um tema como o aborto poderia ser usado como uma “cortina de fumaça” para encobrir a pressão sobre Lula.
Dois dias após a derrota, o presidente petista admitiu que tinha “culpa” na rejeição de Roque, pois não pôde conversar com os senadores devido à sua recuperação das cirurgias realizadas no final de setembro.
No mesmo artigo, Roque destacou que é a primeira vez que um defensor-geral foi rejeitado no Legislativo e enfatizou que a Defensoria Pública continua a trabalhar incansavelmente para garantir os direitos humanos.
“Vulnerabilizar a Defensoria Pública é penalizar a população que mais sofre; é dar o recado, não ao governo, mas a toda a sociedade de que a garantia dos direitos humanos pode esperar”, escreveu Roque.