Publicado originalmente no jornal GGN
POR LUIS NASSIF
Não interprete a ofensiva de Jair Bolsnaro contra o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia) como apenas uma demonstração a mais de ignorância sólida. Há um objetivo disfarçado em todos esses movimentos, que é abrir espaço para a ampliação do crime organizado.
Foi assim nos episódios em que tentou tirar fiscais da Receita do porto de Itaguai, depois de recordes de apreensão de contrabando, pois é a porta de entrada no país não apenas de contrabando comum, mas de armas.
Foi assim também no decreto que facilitou a vida das vaquejadas, campo preferencial de lavagem de dinheiro das milícias.
E foi assim com o Inmetro.
Não foi apenas uma demonstração a mais de imbecilidade a afirmação de Bolsonaro que ‘implodiu’ o Inmetro e mandou ‘todo mundo embora’.
O busílis da questão está no seguinte trecho da reportagem de O Globo:
Bolsonaro ainda criticou um plano do órgão para determinar a instalação de chips em todas as bombas de combustíveis no país para coibir fraudes.
Esse é o ponto.
Há um conjunto de atividades clandestinas utilizadas por organizações criminosas ou pelo chamado lúmpem do empresariado. São os que exploram nichos como bingo, manicômios, clínicas psiquiátricas, escolas para deficientes e, no caso das milícias, transporte público, construções irregulares em áreas de preservação, venda de gatos e de gás, venda de proteção privada, adulteração de combustíveis e de cigarros.
Aqui, um vídeo de agosto de 2019 mostrando como avançava o fortalecimento do crime organizado através da desmontagem dos instrumentos de regulação da economia