Dia do Trabalhador na França tem protestos e quebradeira generalizada

Atualizado em 1 de maio de 2023 às 16:22
Manifestantes contra a reforma da Previdência desfilam em Paris, em 1° de maio de 2023. (Foto: AP – Aurelien Morissard)

Patrícia Moribe

Cerca de 550 mil pessoas participaram, nesta segunda-feira (1°), da manifestação histórica do Dia do Trabalhador em Paris, de acordo com a central sindical CGT. Já a polícia estima que 112 mil pessoas foram às ruas na capital. Um policial ficou gravemente ferido após ter sido atingido por um coquetel molotov. Pelo menos 68 pessoas foram detidas na cidade.

“Apesar da grande maioria de manifestantes pacíficos, as forças de ordem em Paris, Lyon e Nantes enfrentaram baderneiros muito violentos”, escreveu no Twitter o ministro francês do Interior, Gérald Darminin. “Um policial ficou gravemente ferido com queimaduras após o lançamento de um coquetel molotov”, ele acrescentou.

Em toda a França, 108 policiais e agentes de segurança ficaram feridos, e 291 pessoas foram detidas, informou Darmanin no início da noite.

O principal alvo das críticas dos manifestantes foi o presidente Emmanuel Macron e sua reforma da Previdência, que aumenta para 64 anos a idade mínima para a aposentadoria. Muitos pediam o recuo da legislação.

Apesar dos cerca de 5 mil policiais especialmente destacados para a ocasião em Paris, os confrontos eclodiram quando a passeata chegou à Praça da Nação, ponto final do desfile que começou na Praça da República, às 14h locais (9h pelo horário de Brasília). Centenas de “black blocs” munidos de fogos de artifício atiraram objetos contra as forcas de ordem, que revidaram com gás lacrimogênio e granadas defensivas.

Início animado sob a chuva

No início da tarde, apesar de uma forte pancada de chuva, o protesto começou animado. O bordão preferido dos protestos – “Estamos aqui, Macron. Mesmo que você não queira, estamos aqui!” – era puxado a todo momento, ganhando coro imediato dos participantes.

“Ele passou a reforma à força, mas não vamos desistir”, comentou Gilles, aposentado, fazendo alusão aos artigos constitucionais (47.1 e 49.3) que dispensaram a votação dos deputados, acelerando o processo que elevou a idade mínima da aposentadoria.

“Este 1º de maio é emblemático para o povo francês, em razão da [lei da] aposentadoria que acaba de ser promulgada”, declarou Maria Luiza Lapa, co-coordenadora do PT de Paris. “Estamos aqui, em primeiro lugar, em solidariedade ao povo francês. Em segundo lugar, porque essa reforma afeta os trabalhadores e todos os trabalhadores cujos países têm acordo bilateral de segurança social, como é o caso do Brasil”.

Em toda a França a participação também foi expressiva, com 40 mil pessoas em Caen, 130 mil em Marselha e 100 mil em Toulouse, de acordo com a CGT. Já a polícia estimou, respectivamente, 16,3 mil, 11 mil e 13,5 mil manifestantes. O Ministério francês do Interior estimou a presença de 782 mil manifestantes em todo o país, contra 2,3 milhões indicados pelos sindicatos.

Manifestação histórica
Os números desta mobilização considerada histórica vão muito além de um clássico 1º de Maio. Esta é a primeira vez em 14 anos que os sindicatos franceses se unem sob a mesma bandeira para o Dia Internacional do Trabalhador. Um último desfile unido com os oito principais sindicatos do país aconteceu em 2009, diante da crise econômica.

Aos franceses se somaram representantes sindicais estrangeiros, como coreanos, turcos, suíços, colombianos, americanos e espanhóis.

Texto originalmente publicado no rfi.

 

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