O Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, revogou a aposentadoria do delegado da Polícia Federal (PF) Daniel Leite Brandão, após ele ser detido por participação em uma quadrilha que manipulou mais de 400 inquéritos em troca de propina, segundo o colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles.
As investigações da PF apontaram que a quadrilha interferia em inquéritos relacionados a grandes somas da Previdência Social e do Tesouro Nacional. O Ministério Público Federal (MPF) alegou que Brandão instruiu seus subordinados a acessarem de forma irregular os dados de 300 indivíduos, vendendo essas informações a empresários ligados ao esquema.
A quadrilha direcionava investigações sobre não pagamento de contribuições previdenciárias por empresas para delegados envolvidos nos desvios. Brandão, à época chefiando o Núcleo de Operações e interinamente à frente da Delegacia de Repressão a Crimes Previdenciários da PF no Rio de Janeiro, teve participação nesse esquema.
O grupo cobrava propina de policiais, advogados e funcionários do INSS para deixar de investigar empresas suspeitas de fraudes previdenciárias e sonegação de impostos.
Além de Brandão, cinco delegados da PF, incluindo dois superintendentes regionais, foram detidos durante a Operação Cerol, em 2006, por envolvimento no esquema. No total, 17 pessoas, sendo 11 agentes da PF, foram presas por fazerem parte da quadrilha.
Os delegados envolvidos também tinham influência política em âmbito federal e estadual, tentando interferir nas esferas políticas para evitar a saída do superintendente da PF no Rio de Janeiro, José Milton Rodrigues.
Brandão foi condenado por improbidade administrativa, multado e teve a perda de seu cargo público. O recurso foi negado pela 11ª Vara Federal do Rio de Janeiro e, nesta quinta-feira (30/11), o ministro da Justiça cassou sua aposentadoria.