O Estadão, desmoralizado pela reportagem sobre a “dama do tráfico” (apelido inventado pelo próprio jornal), tenta chantagear o ministro da Justiça, Flávio Dino, para demitir alguém da sua equipe, uma vez que não conseguiu a cabeça do próprio ministro.
Dino, no entanto, declarou nesta quinta-feira (16) que não planeja demitir os secretários do ministério que conduziram audiências com a esposa de um líder do Comando Vermelho (CV) nas dependências da pasta. Ele afirmou que a demissão de seus subordinados acarretaria uma desmoralização de sua imagem.
“Os secretários que receberam praticaram algum ato ilegal? Os secretários praticaram algum crime? Beneficiaram supostamente o Comando Vermelho em quê? É preciso ter um pouco de responsabilidade e de seriedade. Eu tenho o comando da minha equipe, confio na minha equipe e eu não demito secretário de modo injusto. Se eu fizesse isso, quem iria ser desmoralizado não ia ser o secretário, era eu”, afirmou.
O ministro também afirmou que os ataques que recebeu devido ao caso são uma manifestação de “desespero” por parte dos opositores. “Obviamente é um desespero político de quem está insatisfeito com o combate ao crime organizado que nós estamos fazendo”, disse Dino.
Luciane Barbosa Farias, presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas e esposa de Clemilson dos Santos Farias, citado como um dos líderes do Comando Vermelho no estado, participou de duas reuniões com quatro membros do ministério.
Em 2018, o Ministério Público do Amazonas acusou Luciane e Clemilson de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Clemilson foi preso preventivamente em junho de 2018. Em 2022, o casal foi absolvido em primeira instância, mas em outubro do mesmo ano, o Tribunal de Justiça do Amazonas os condenou após a presença de Luciane em eventos oficiais em Brasília.
Luciane recebeu uma sentença de 10 anos de prisão, enquanto Clemilson foi condenado a 31 anos, 7 meses e 3 dias. Ela tem direito a recorrer em liberdade. “Como não tenho sentença, não sou condenada”, afirmou.
Ao abordar o assunto, Dino sugeriu que Luciane foi uma convidada para as audiências no ministério e que não tinha autoridade para vetar sua entrada no prédio.
“Às vezes um prefeito tem uma audiência, e a audiência é do prefeito. Só que no momento da audiência, entram com o prefeito oito pessoas. Os deputados sabem disso todos. Você vai fazer o quê? Vai barrar? Vai impedir? Por quê? É um prédio público. Não existe presunção de culpa, existe presunção de inocência”, disse o ministro.