Neste domingo (18), o presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) foi até Londres para acompanhar o funeral da rainha Elizabeth II, e apresentou uma má conduta. Diplomatas estrangeiros expressaram “consternação, indignação e até vergonha” para descreverem o comportamento do presidente, de acordo com a coluna de Jamil Chade no Uol.
De acordo com as fontes dentro das chancelarias europeias, o local contava com a presença de mais de 500 presidentes, líderes internacionais e representantes de governos. O evento que deveria ser marcado pela moderação e solidariedade dos participantes, ao invés disso, por parte de Bolsonaro, o primeiro dia tornou-se um ato para sua campanha eleitoral.
Na sacada da embaixada do Brasil, o chefe de Estado discursou, inclusive, contradizendo as pesquisas e alegando sua vitória no primeiro turno das eleições deste ano. Foi recebido com desprezo e incompreensão.
Mesmo que Londres perceba que o Brasil vive um período eleitoral, esperavam que o presidente seguisse certo protocolo diante este momento de luto.
Diplomatas brasileiros confirmaram que não houve nenhuma recomendação expressa para o comportamento de cada líder, porém, admitiram que era esperando que nenhum deles utilizasse do evento fúnebre para instigar votos ou convocar apoiadores. Nem sequer esperavam um espaço para negociações entre os representantes que desembarcaram na capital britânica.
Desrespeitando o equilíbrio aguardado, Bolsonaro usou seu discurso para criticar posições das alas progressistas e falou sobre tráfico de drogas, aborto e gênero, grandes apostas da campanha conservadora de candidatura do chefe do Executivo.
A passagem de Bolsonaro pela Europa, segundo negociadores, gerou o mal-estar e desprezo por seu governo no Velho Continente. Salvo em países liderados pela extrema-direita, o brasileiro não foi recebido por nenhum dos chefes de governo das principais democracias da Europa ao longo de seu mandato.
A presença de Bolsonaro ocorreu e não foi por falta de pedidos do Ministério das Relações Exteriores, que chegaram a consultar no ano passado se Londres receberia Bolsonaro. Os britânicos mantiveram uma postura calada e constrangedora.