Os diplomatas mexicanos deixaram hoje (7) o Equador, após o rompimento das relações diplomáticas entre os dois países, na sequência da invasão da polícia equatoriana na sextafeira (5) à embaixada do México em Quito.
“O nosso pessoal diplomático deixa tudo para trás no Equador e volta para casa de cabeça erguida (…) após o assalto à nossa embaixada”, escreveu a ministra mexicana das Relações Exteriores na rede social X (antigo Twitter), Alicia Bárcena.
O governo mexicano tinha anunciado no sábado à noite que um grupo de 18 pessoas, incluindo diplomatas mexicanos e as suas famílias, regressaria ao México num voo comercial. Após a invasão pela polícia equatoriana, na sexta-feira, da embaixada mexicana em Quito com o objetivo de prender o ex-presidente Jorge Glas, que ali estava sob asilo político, o México rompeu de imediato as relações diplomáticas com o Equador.
O governo mexicano qualificou a operação policial como uma violação da sua soberania e do direito internacional, tendo esta sido igualmente condenada no sábado pelo secretáriogeral da ONU, António Guterres, e pelo Departamento de Estado norte-americano e, já hoje, pela União Europeia.
A mesma posição de condenação foi assumida pelos governos latino-americanos, de esquerda e de direita, da Argentina, Bolívia, do Brasil, do Chile, da Colômbia, de Cuba, da República Dominicana, de Honduras, da Nicarágua, do Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e
da Venezuela.
Depois de ter sido levado da embaixada mexicana, Jorge Glas foi transferido de avião para a prisão de segurança máxima de La Roca, situada no complexo penitenciário da cidade de Guayaquil, reservado aos presos mais perigosos.
Sobre o ex-vice-presidente havia um mandado de localização e de prisão preventiva pela suspeita de desvio de fundos públicos no processo de reconstrução da província costeira de Manabí, devastada por um forte terremoto em abril de 2016.
Glas deveria também regressar à prisão para terminar de cumprir uma pena de oito anos por duas condenações definitivas de associação ilícita (relacionada com o esquema de subornos da construtora brasileira Odebrecht) e de suborno (pelo financiamento ilegal do seu movimento político).
Desde 17 de dezembro de 2023, Jorge Glas encontrava-se na embaixada do México em Quito para pedir asilo, que lhe foi concedido na sexta-feira, declarando-se vítima de perseguição política e “lawfare” (utilização do aparelho judicial contra opositores políticos).
Originalmente publicado em Agência Brasil