Direita elege mais prefeitas que esquerda e mulheres viram aposta reaça para 2026

Atualizado em 3 de novembro de 2024 às 14:08
Damares Alves e Michelle Bolsonaro. Imagem: reprodução.
Foto: Carolina Antunes/PR

As eleições deste ano serviram para mostrar, também, a capacidade da direita em promover candidaturas femininas, enquanto o PT e outros partidos de esquerda enfrentaram desafios para eleger prefeitas. Com um total de 728 prefeitas eleitas, as siglas de centro e de direita dominaram, com o MDB liderando com 129 prefeitas, seguido pelo PSD com 102, PP com 89, União com 88, PL com 60 e Republicanos com 51. Em contraste, o PT conseguiu eleger apenas 41 prefeitas, ficando atrás do PSB, que obteve 51.

O resultado advém do esforço que os partidos conservadores vem realizando para impulsionar mulheres com perfil conservador, impulsionado pelo trabalho de figuras como a senadora Damares Alves, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e a vice-governadora Celina Leão. Como contou Damares ao Globo, elas realizaram um trabalho de base nas comunidades, oferecendo formações que abordavam desde a comunicação pública até questões mais amplas, como empreendedorismo feminino e a visibilidade de mulheres de comunidades tradicionais, visando atrair um público diversificado.

“Vimos que a mulher não queria vir muito para a política porque a pauta se resumia a aborto e igualdade de gênero. Começamos a trazer pautas, como mães atípicas, empreendedorismo feminino, invisibilidade de mulheres de comunidades tradicionais, como quilombolas e marisqueiras”, explicou a senadora ao Globo. “Antes, se gastava o dinheiro da cota para fazer palestra motivacional nos estados, coach e eventos. Eu e Michelle transformamos isso em treinamento. Qualificamos mulheres”.

Novas lideranças emergiram no campo bolsonarista, como Cristina Graeml e Emília Corrêa, que se destacaram como possíveis candidatas a cargos maiores, com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O foco em 2026 já está sendo discutido, com partidos como PP, PL e Republicanos planejando um grande encontro em Brasília para discutir estratégias e projetos voltados às mulheres eleitas.

No entanto, a Secretária Nacional de Mulheres do PT, Anne Moura, reconhece que o fato de o partido estar no governo gerou um conflito de prioridades, limitando a presença de mulheres em candidaturas. O PT viu um desempenho positivo em algumas eleições, com Marília Campos e Margarida Salomão sendo reeleitas, mas a ausência da primeira-dama Janja nas campanhas foi notável.

Como conta a deputada Maria do Rosário, que foi candidata do PT em Porto Alegre, o PT é um dos partidos que mais tem mulheres nas suas diretorias e é presidido por uma mulher. A maior bancada de mulheres no Congresso hoje é a do PT. Mas, como pontua Anne, é preciso “rever a estratégia”.

A pesquisadora Flávia Biroli ressaltou ao portal que o aumento da participação das mulheres na política deve-se, em parte, às lutas feministas, e a adoção de cotas de gênero pelo fundo eleitoral também tem incentivado a direita a incluir mais mulheres em suas fileiras.

” É interessante porque Michelle Bolsonaro pode ser claramente definida como uma mulher antifeminista, mas a postura dela só é possível por efeito das lutas feministas ao longo dos anos por maior participação das mulheres”, afirmou.

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