Dirigente do PCO admite que vai à casa de ex-militantes para ameaçá-los

Ex-militantes do PCO narram episódios agressivos de Rafael Dantas

Atualizado em 16 de fevereiro de 2022 às 7:01
A imagem de Rafael Dantas, do PCO
Rafael Dantas, dirigente do PCO. Foto: Reprodução

Membro da direção nacional do PCO e diretor de redação do jornal Causa Operária, Rafael Dantas é marido de Natália Pimenta, filha do dono do Partido da Causa Operária. Dantas admitiu que vai até a casa de ex-militantes do PCO para ameaçá-los.

No Twitter, escreveu o seguinte: “Uma lição do caso Monark: a ‘Esquerda Maria vai com a Globo’ é refém de um senso comum”. Um perfil anônimo então provocou o dirigente da Causa Operária: “Você está descrevendo aí justamente a política do PCO no caso, pequeno napoleão de hospício. Vocês têm uma ideia preconcebida de como agir: ‘defender a liberdade de expressão’. E aplicam em qualquer situação. Não dialogam com a realidade, os atores envolvidos, o jogo de forças. É uma repetição mecânica de um programa metafísico: uma política idealizada”.

Rafael Dantas fez, então, uma confissão: “Pra mim quem se borra de medo quando a campainha toca é você e outros que agora se escondem com fakes pra caluniar o PCO… Já vi marmanjo que canta de galo no anonimato aqui mandar a mamãe falar que não estava só porque tem medo de falar na minha cara essas coisas escrotas”.

A imagem do tuíte de Rafael Dantas
Rafael Dantas, do PCO, admite que fez intimidações. Foto: Reprodução/Twitter

Ele confirmou o que narrou o DCM em 28 de dezembro de 2021. Colhendo depoimentos de ex-militantes do PCO, o Diário contou a história de Mikke Nienow de Barros. Ele afirmou o seguinte na reportagem:

“A coisa realmente pegou quando o Flávio Amaral, de Florianópolis, decidiu questionar todas as incongruências do partido em um documento que eu também assinei. Após esse acontecimento, um militante do PCO chamado Matheus apareceu em sua casa fazendo ameaças.

No mesmo dia, outros dois militantes, chamados Juliano e Dantas, saíram de São Paulo e foram para Florianópolis para ‘conversar’ com Flávio. Ele [Flávio Amaral] expôs a visita no Facebook assim que apareceram e denunciou o que ele considerou uma ameaça de morte.

Horas mais tarde, no mesmo dia, sem avisar, os três militantes [Matheus, Juliano e Dantas] viajaram mais de 300km e apareceram na frente da minha casa querendo ‘conversar’. Intimidado, eu nem os atendi e pedi para minha mãe avisar que não iria atender”. 

Outro ex-militante, Diego Rabelo, relatou na mesma reportagem que Dantas o atacou por “estar vendo um site com uma foto de Stalin”, dentro da redação do Jornal da Causa Operária. As histórias de agressões e intimidações de Rafael Dantas são conhecidas entre os ex-PCO, disseram diferentes fontes ao DCM.

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Ligação com empresa que recebeu dinheiro do fundo eleitoral

Reportagem do DCM de 11 de janeiro de 2022 aponta que o PCO recebeu R$ 2,2 milhões de Fundo Eleitoral em 2018 e 2020.

Por não possuir representantes no Congresso Nacional, o Partido da Causa Operária não recebe verbas do Fundo Partidário. Assim, sua única fonte de renda conhecida é o Fundo Eleitoral, que foi criado em 2017 para financiar as campanhas eleitorais depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu as doações de empresas.

Dauzaker Dantas Edições e Impressões faz edição de revistas e de jornais voltada para o PCO. Seu único sócio é João Vitor Dauzaker de Souza, que é militante do partido.

O email de contato da empresa é o de Dantas. Ele é marido de Natália Braga Costa Pimenta, filha do fundador do PCO. A Dauzaker recebeu R$ 365.954,00, segundo a prestação de contas da legenda entre 2017 e 2020.

Desse montante, R$ 236.000,00 chegaram só em 2020, conforme contrato entre as partes apresentado à Justiça Eleitoral, que pode ser visto clicando aqui. E a relação entre a editora e o PCO não se encerra nos serviços prestados.

Ex-integrantes do PCO mandaram extratos bancários de pagamentos de contribuições ao partido e cobranças de dívidas. Os débitos eram direcionados para as contas bancárias de João Vitor Dauzaker de Souza e Natália Pimenta. Rafael Dantas, que admite que intimidou ex-militantes, está conectado com esses dois outros integrantes.

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