“Discutindo o não retrocesso”, diz a ministra das Mulheres sobre o “PL do Aborto”

Atualizado em 13 de junho de 2024 às 21:40
A ministra Cida Gonçalves, titular do Ministério das Mulheres. Patrick Grosner Audiovisual/PR

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, criticou nesta quinta-feira, 13, o Projeto de Lei (PL) que equipara o aborto realizado após 22 semanas ao crime de homicídio. Aprovado com urgência na Câmara dos Deputados na última terça-feira, 12, o PL seguirá diretamente para o Plenário, sem passar por comissões temáticas para discussão.

Gonçalves destacou que a questão em pauta é o aborto legal, que é previsto na Legislação Brasileira de 1940 em três situações: em caso de violência sexual, risco de vida da mulher, e anencefalia do feto, conforme decisão do STF em 2012. As declarações foram feitas durante uma entrevista à CNN.

“Nós não estamos falando da ampliação da Legislação, estamos discutindo o não retrocesso”, diz a ministra.

O texto propõe alterar o Código Penal, estabelecendo penas de 6 a 20 anos de prisão para a mulher que realizar um aborto após 22 semanas, mesmo em casos de estupro. Para a ministra, é necessário considerar a realidade brasileira neste debate. Ela aponta que, em 2022, houve 14 mil casos de gravidez entre meninas de 10 a 14 anos, e que em 6 de cada 10 estupros, as vítimas têm até 13 anos.

A ministra também mencionou que 70% dos casos de violência sexual contra meninas ocorrem dentro de casa, o que pode atrasar a busca por ajuda, pois as vítimas podem não identificar a gravidez de imediato devido à idade e sentir medo de acusar o estuprador por proximidade familiar.

Gonçalves afirma que o PL é inconstitucional, pois propõe alterar algo já previsto na Lei e “não pode nem entrar em votação”. Ela defende que não se deve modificar o Código Penal vigente desde 1940, especialmente não criminalizando um recurso que as mulheres buscam e que é legalizado no Brasil.

Ela relembrou que durante a campanha eleitoral de 2022, o presidente Lula já havia indicado que não alteraria as Leis sobre o aborto. No entanto, sobre as votações no Judiciário e no Legislativo, Gonçalves ressaltou que o Governo não pode interferir, pois os poderes são autônomos.

Nesta quinta-feira (13) mulheres de diversas cidades do país foram às ruas para protestar contra o projeto.

Chegamos ao Blue Sky, clique neste link

Siga nossa nova conta no X, clique neste link

Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link