Por Antonio Lavareda, sociólogo e cientista político do Ipespe
Termômetro da campanha IPESPE/ ABRAPEL: Primeira rodada do segundo turno (11/10)
1. DISPUTA APERTADA, COM LULA À FRENTE
Ele tem cinco pontos a mais que Bolsonaro na questão espontânea (47% X 42%); e sete pontos a mais na pergunta em que os nomes dos candidatos são citados (50% X 43%). Quando computadas exclusivamente as intenções de voto estimuladas nos dois candidatos, excluídas as respostas “Branco/ Nulo” e “Não Sabe/Não Respondeu”, a distância entre eles se amplia para oito pontos (54% X 46%). Lula obteve apoio maior que o adversário entre os eleitores de Simone (55% X 16%) e também, com margem mais estreita, entre os de Ciro (44% X 36%).
Mas, como vimos no primeiro turno, dado que a pesquisa não consegue obter dos entrevistados a real disposição à abstenção – que no 2o turno, quatro anos atrás, foi de 21,4% do total do eleitorado – foi inserido um cruzamento que excluiu os 18% que têm pouco ou nenhum interesse no pleito, o que teoricamente pode sugerir maior predisposição ao não comparecimento. Resultando daí um placar de 51% X 47% dos votos totais, 2% de B/N, e 01% de Não Sabe/ Não Respondeu.
A distância registrada no momento confere a esse segundo turno um formato diverso de outras eleições que terminaram com margens mais confortáveis para o líder, considerados os votos totais. A exemplo de 2002 (Lula +17), 2006 (Lula +16) e mesmo 2010 (Dilma +11). E nos remete à comparação do mesmo com 1989 (Collor +5), e 2014 (Dilma +2).
2. CERTEZA E REJEIÇÃO
No quesito de probabilidade, no grau de “certeza do voto”, o intervalo entre os candidatos é de seis pontos (47%, Lula x 41%, Bolsonaro), enquanto a diferença entre os percentuais de rejeição respectivos se situa em quatro pontos (49%, Bolsonaro X 45%, Lula). Por óbvio, esses intervalos desenham os resultados das intenções de voto. Dos que pretendem votar em Lula, 91% rejeitam Bolsonaro, e 6% afirmam que “poderiam votar” no atual presidente.
Reciprocamente, entre os eleitores de Bolsonaro, 94% rejeitam Lula, e apenas 4% dizem que “poderiam votar” no ex-presidente.
3. INTERESSE MAIS ELEVADO
Nesse segundo turno, chega a 81% o montante dos que declaram ter “muito ou algum interesse” na eleição. Na esteira desse número, aumenta para 31% o percentual dos que afirmam que participam ou participarão da campanha.
Chama atenção a diferença entre a disposição à participação de lulistas (26%) e de bolsonaristas (41%). Maior que a registrada segundo o grau de interesse: 83% nos eleitores de Lula, e 88% entre os de Bolsonaro.
4. IMPRENSA, PROPAGANDA E REDES SOCIAIS
Lula leva vantagem no noticiário de TV e Rádio (+16); Jornais, Portais e Blogs (+17); e na propaganda de TV e Rádio (+10). Bolsonaro predomina nas Redes Sociais (+3) e no WhatsApp (+3).
5. AS MELHORES PROPOSTAS
Bolsonaro ganha por larga margem (+51) no item melhores propostas para os Empresários, e quase empata (-1) quanto às melhores propostas para as Famílias. Nas demais, Lula alcança uma vantagem significativa: Trabalhadores (+18), Aposentados (+13), Mulheres (+11), Idosos (+11), Jovens (+9).
6. VOTO ATRAI APROVAÇÃO DO GOVERNO, COM EXCEÇÃO DA PANDEMIA
Muitos analistas se surpreenderam com a expressiva melhoria da Aprovação, e da percepção do Rumo da Economia nesse início de segundo turno. Aqui vale uma observação. Nessa fase, inverte-se em grande medida a relação de causalidade entre Avaliação e Voto.
Normalmente a primeira dita a segunda, mas agora, em meio a campanha super polarizada, é a segunda que assume o comando. O eleitor com viés de consistência escapa à dissonância cognitiva e elogia o desempenho do candidato no qual vai votar, seja por real preferência, seja por rejeição ao adversário.
A aprovação de Bolsonaro evoluiu cinco pontos, chegando a 41%, com a desaprovação recuando igual valor, situada em 52%. Movimento quase igual ao que se verificou em direção inversa quanto a Lula, cuja Aprovação recuou seis pontos, para 50%, com a Desaprovação evoluindo o mesmo, para 43%.
Na percepção da Economia, o “Caminho Certo” foi apontado por 43% (crescendo oito pontos) e o “Caminho Errado”, diminuindo sete pontos, para 49%. Mas chama atenção o fato de que no que concerne à Pandemia, a cristalização das opiniões quase não foi afetada. A aprovação específica do desempenho de Bolsonaro avançou apenas dois pontos, para 39%, enquanto a desaprovação à conduta do seu governo na crise sanitária permaneceu em 59%.
7. AGENDA SOCIAL: A PRIORIDADE CONTINUA
Os temas Sociais (61%) são citados como os mais urgentes para o próximo Presidente dar atenção, ao passo que as questões Econômicas vêm em um distante segundo lugar (26%). Vindo depois Corrupção (5%), Violência (4%), e Meio Ambiente (1%). Na agenda social comparecem, pela ordem, Educação, cujo peso cresceu quatro pontos, atingindo 30%; Saúde, que continua mencionada por 21%; e Fome/Miséria que também aumentou um ponto, com 10% das menções.
Na econômica, vem à frente a inflação com 13% (recuando quatro pontos), o Desemprego, que também recuou dois pontos, e o item Salários, que evoluiu um ponto. Interessante observar que Lula lidera por onze pontos entre os eleitores que priorizam o Social, e por quatorze em meio aos que conferem maior urgência à agenda Econômica.