Dois resumos do Brasil das milícias, dos milicos e dos idiotas. Por Moisés Mendes

Atualizado em 29 de agosto de 2024 às 23:54
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Trechos de duas declarações publicadas hoje e que ajudam a entender o Brasil. O primeiro trecho é de artigo na Folha de S. Paulo de Conrado Hübner Mendes, professor de direito constitucional da USP, sobre o projeto de destruição de conquistas da democracia e da Constituição:

“No varejo cotidiano de nossas indignações, perdemos de vista a magnitude do projeto: turbinar o colapso climático, multiplicar o fogo e o desmatamento, privatizar acesso as praias, anistiar golpistas, militarizar escolas, milicianizar polícias, legalizar milícias, armar milicianos, prender meninas estupradas e aliviar pena do estuprador de meninas, violentar indígenas, afagar milicos, desinvestir em direitos, transformar a família constitucional em família colonial e patriarcal, transformar jurisdição em negociação de direitos indisponíveis, legislação em alocação clientelista de orçamentos secretos, sufocar a capacidade governamental do Executivo”.

O segundo trecho é declarações de Pablo Marçal, o fascista, vigarista e bandido, condenado, preso e beneficiado por prescrição, que concorre pelo PRTB e pelo bolsonarismo envergonhado a prefeito de São Paulo:

“No processo eleitoral, me perdoe, você tem que ser um idiota. Infelizmente a nossa mentalidade gosta disso. E, por ser um povo que gosta disso, eu preciso produzir isso. Preciso ter um comportamento que chame atenção. Não é uma parada que eu me divirto”. (Essa declaração acima foi dada em entrevista ao podcast Flow. A segunda declaração, na mesma linha, a seguir, é de entrevista à TV Record.). “Quero pedir desculpas, porque para chegar onde cheguei nas pesquisas hoje eu tive que chamar a atenção de um jeito que não te agradou”.

O interessante é o que sujeito pede desculpas por ter de bancar o idiota (imaginem o esforço que ele fez), porque o eleitorado dele é idiota. É o que ele diz.

Hoje, com 21% nas pesquisas, segundo o Datafolha, o eleitorado idiota de Pablo Marçal em São Paulo chega a 2 milhões de pessoas. Todas idiotamente empenhadas em apoiar o projeto de sabotagem do país, conduzido por quem se faz de idiota para enganar idiotas.

TEMORES

Pegar o Elon Musk é uma barbada. Quero ver pegarem finalmente o autoproclamado véio da Havan.

Por que não pegam? Porque o sistema de Justiça brasileiro teme mais o poder nacional do véio da Havan do que o poder mundial de Elon Musk.

Publicado originalmente no Blog do Moisés Mendes