O acidente na Rodovia Imigrantes, em 2018, deixou um rastro de destruição e dor para as famílias de André Gonçalves e Wesley Bispo. O impacto da colisão matou duas pessoas, deixou um bebê paraplégico e mudou para sempre a vida dos sobreviventes. O empresário André Veloso Micheletti, que dirigia uma Mercedes em alta velocidade, foi condenado, mas continua impune seis anos após o acidente. O relato foi publicado no portal uol.
André Gonçalves, sua esposa e seus três filhos voltavam de uma viagem ao litoral quando a Mercedes bateu na traseira do carro em que viajavam, causando um acidente catastrófico. A esposa de Gonçalves morreu no local, enquanto ele ficou paraplégico. Wesley Bispo também perdeu sua esposa no hospital, e seu filho de um ano e meio ficou paraplégico. Ambos os homens ainda lutam por justiça e indenizações.
As investigações apontaram que Micheletti poderia estar participando de um racha na rodovia ao lado de um Camaro preto. Uma testemunha relatou que viu a Mercedes passar em alta velocidade, seguida pelo outro veículo, segundos antes do acidente. No entanto, o juiz Gustavo Kaedei, do caso, não encontrou evidências suficientes para comprovar a corrida ilegal, o que permitiu que Micheletti permanecesse livre.
O empresário foi preso no dia do acidente, mas foi liberado após 44 dias, pois a Justiça considerou que ele não representava perigo às investigações. Atualmente, o processo criminal está parado aguardando a realização de um laudo sobre o Camaro. Já as ações cíveis movidas por Gonçalves e Bispo resultaram em condenações em primeira e segunda instâncias, mas Micheletti ainda não pagou as indenizações.
Os valores das indenizações, que cobrem danos morais, despesas médicas, funerais e pensão vitalícia, chegam a R$ 1,5 milhão para Gonçalves e R$ 500 mil para Bispo, segundo o advogado Cezar Augusto Oliveira. O processo está no Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde a defesa de Micheletti busca diminuir os valores das indenizações. O advogado das famílias acusa o empresário de esconder seus bens para evitar o pagamento das indenizações.
Micheletti, segundo Oliveira, utiliza dois apartamentos, uma Mercedes, duas Range Rover e um Porsche, mas eles estão em nome de terceiros ou de empresas da família, como uma estratégia para evitar bloqueios judiciais. O Porsche, em nome do empresário, foi “escondido”, e a última vez que foi visto foi em Mogi Guaçu, segundo relatos. Mesmo com os bloqueios impostos pela Justiça, Micheletti ainda não cumpriu com suas obrigações financeiras.
Consequências
André Gonçalves, que ficou paraplégico após o acidente, teve que reinventar sua vida. Ele trabalhava como feirante e guincheiro de carros, mas agora depende de ajuda para tarefas básicas. “Foi difícil aceitar a paralisia e perder a mulher com quem vivi por 20 anos”, lembra ele. Gonçalves precisou encontrar forças para seguir em frente e, hoje, trabalha pela internet comprando carros em leilão e revendendo para sustentar sua família.
Wesley Bispo perdeu a esposa e agora cria seu filho paraplégico sozinho. Ele conta que sua vida virou de cabeça para baixo após o acidente e que passou a sofrer de depressão e ansiedade. Bispo relata que teve que lidar com todo o processo burocrático, cuidando do filho e trabalhando como motorista de aplicativo para pagar as contas. “Eu só chorava à noite em casa e depois levantava cedo para cuidar de tudo”, diz ele.
Para Bispo, a maior dor é saber que o responsável pelo acidente ainda está solto. “Ele matou duas pessoas, deixou quatro órfãos e dois paraplégicos. Ele destruiu nossas famílias e está solto”, desabafou ao uol.
Chegamos ao Blue Sky, clique neste link
Siga nossa nova conta no X, clique neste link
Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link