Publicado no site As Bicicletas.
João Doria gastará 300 milhões de reais para elevar o limite das velocidades máximas nas Marginais de São Paulo, segundo informou o Jornal “O Estado de São Paulo, nesse link aqui (abra em aba privativa).
Para recordar, os 400 km de ciclovias e ciclofaixas construídos em São Paulo custaram 80 milhões de reais. E esses 80 milhões de reais foram amplamente questionados pela mídia (como esquecer a capa da Vejinha tratando do assunto?), pelos políticos irresponsáveis (quem não lembra das declarações de Andrea Matarazzo e outros tucanos da época?) e mesmo pelo Ministério Público (a se lembrar da ação promovida pela promotora Camila Mansour Magalhães da Silveira, que chegou a parar as obras durante alguns meses).
A redução de velocidades máximas nas Marginais reduziu drasticamente o número de mortes entre motorizados. Na marginal Tietê, baixou o número de ocorrências com morte de 24 para 1. Dados nesse link aqui.
Sobre o custo das ciclofaixas e ciclovias de São Paulo, a se lembrar que uma ciclovia de 3,9 km, com grau de complexidade maior, mas de menos de 4 km, foi inaugurada no Rio de Janeiro com o nome de “Ciclovia Tim Maia” e não resistiu à primeira ressaca. E custou 45 milhões de reais.
O aumento de velocidade mata. Por exemplo, leia esse estudo feito quando Israel aumentou os limites de velocidade. Mas é preciso ser muito ignorante para não saber que à proporção que a velocidade aumenta, aumenta a energia cinética que será liberada numa colisão, e também diminuirá o tempo de reação do condutor.
Ou seja, gastar-se-á 300 milhões de reais do dinheiro do contribuinte para aumentar o número de mortos. E as pessoas aplaudem. E não há campanhas virulentas da Veja contra essa medida. E não há ações do Ministério Público.
Há uma hipótese perversa pra explicar os surtos de burrice generalizados. A chave de compreensão nos dá Charles Darwin. A Teoria da Evolução das Espécies explica bem. É um erro focar a aplicação da Teoria no Indivíduo, o correto é aplicar à espécie.
Vivemos tempo de superpopulação. Quando uma população e alguma espécie atinge um numero acima do que os recursos do ambiente permite3m, a natureza regula o tamanho dessa população.
Quando os humanos criaram as cidades, vieram junto as doenças da convivência. Milênios depois vieram as vacinas, mas logo em seguida as armas de guerra deram um salto de qualidade. Quando as armas chegam à tecnologia atômica, o mundo chega a um temor da guerra que força tratados de paz, e os conflitos baixam de intensidade. Aí começam a crescer o número de mortos no trânsito.
Quando a espécie passa pelo tempo de reajuste, os seus indivíduos parecem tomar atitudes suicidas e também genocidas. São muitas as formas de matar, por exemplo, avisando pelas redes sociais onde há blitz que para os motoristas bêbados (se houvessem essas blitzes há anos atrás, talvez minha prima estivesse viva e o motorista bêbado que amatou não seria um condenado por homicídio).
É uma explicação perversa e perturbadora? É, ao menos para mim, é uma explicação muito perturbadora. Mas faz sentido diante dos fatos. Só pode ser isso. Tamanha ignorância só pode ser isso. Só pode ser isso.