Doria pintou e bordou no Roda Viva, apresentado pela amiga Vera Magalhães.
Negou Bolsonaro, mentiu sobre a ordem para a PM atirar para matar e, no fim, acabou por revelar um dos motivos pelos quais o PSDB desce ladeira abaixo: o gestor criou uma cizânia interna tendo como principal alvo o deputado mineiro Aécio Neves.
Aécio, segundo Doria, é “covarde, pária dentro do PSDB”.
Segundo ele, “tem a síndrome da derrota. E começou a sua pior derrota naquele triste telefonema para um empresário aqui de São Paulo pedindo propina. Eu entendo que pessoas que pedem propina a empresário do meu partido deveriam se afastar”.
Disse isso sem se importar, por exemplo, de ter nomeado Gilberto Kassab como chefe de seu governo no início do mandato.
Enrolado em denúncias de corrupção, o ex-prefeito de São Paulo pediu licença do cargo e colocou um preposto no seu lugar.
Sabemos que não é corrupção.
O que move Doria contra Aécio é mesmo motivo que o move contra Fernando Henrique, José Serra e outros caciques tucanos: o gestor tem um alinhamento à extrema-direita e o viés socialdemocrata da turma o desagrada.
Isso para não dizer que Doria é traidor.
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Que palavra você utilizaria para definir a conduta dele com Geraldo Alckimin?
O ex-governador guindou o publicitário à condição de prefeito de São Paulo e deu a ele a chance de ouro. Doria retribuiu virando as costas para o amigo.
É o mesmo que faz agora com Bolsonaro, de quem espertamente imaginava que iria herdar os ‘zumbis’ que apertaram o 17 em 2018.
Doria não é burro o suficiente para ter sido enganado por Bolsonaro.
Ao contrário: quem enganou foi ele, e enganou o eleitorado que no fim acaba sendo o elo mais fraco da corrente.
Aquele que almeja fazer política precisa guardar dois valores: lealdade e gratidão.
Doria não guarda nenhum deles. Por isso é odiado por Aécio, a quem apunhala pelas costas, e pelos demais tucanos.
Também é odiado na capital, por ter sido desleal ao abandonar a cidade por conta de sua ganância desmedida. E agora é odiado também no interior do Estado, a faixa de Gaza do conservadorismo brasileiro, por ter traído Bolsonaro.
Doria está sempre só politicamente, acompanhado apenas de quadros de baixo clero – se nunca ouvir dizer de Cesar Gontijo vale trocar umas palavras para sentir o naipe do cidadão – que se abrigam na folha de pagamento do governo e, autoproclamados coordenadores de campanha, vivem de distribuir cartões de visita.
Nesta semana o senador Tasso Jereissati recebeu Lula em Fortaleza. O gestor disse que nem ia comentar. A dupla Serra e Aloysio não pode vê-lo nem pintado de ouro.
Com Cesar Gontijo ninguém vai longe
Geraldo? Está de saída do PSDB, partido que ajudou a fundar, por conta do desmonte doutrinário promovido pelo ex-pupilo.
Não há um único líder político no país que apoia a candidatura de Doria à presidência.
Até Henrique Meirelles, seu secretário de Finanças, sonha em pedir exoneração para integrar a chapa de Lula como vice.
Doria está colhendo o que plantou.
Vai morrer na praia. Acompanhado de gente como Cesar Gontijo ninguém vai além dos limites do Pico do Jaraguá. E essa é uma boa notícia, para São Paulo e para o Brasil.