Publicado originalmente no Tijolaço
Por Fernando Brito
A primeira fala do interventor nomeado para o Ministério da Saúde é mais reveladora pelo que ele não disse do que pelo que ele disse.
Afora o fato de não ser factível, de imediato, o que ele propõe como estratégia para o enfrentamento do coronavírus – a testagem maciça da população, algo para o que não existem meios, há mais, dramaticamente mais.
Nélson Teich simplesmente “pulou” a situação na fronteira do desesperador em que se encontram diversas metrópoles brasileiras, sobretudo Manaus, onde vídeos já mostram, como disse eu ontem na TVT, cenas equatorianas de corpos se acumulando nos hospitais.
No Rio, em São Paulo e no Ceará, a capacidade se esgota em grau terminal.
Isso não lhe mereceu uma palavra.
Como não lhe mereceram uma palavra sequer os milhares de médicos, enfermeiros e auxiliares que estão enfrentando, com o risco de suas vidas e as de suas famílias, a linha de frente da luta contra a epidemia.
Igualmente omissos ficaram o SUS, as equipes do Ministério e e o próprio ex-ministro Luiz Mandetta, para os quais Teich só deu o silêncio.
Vê-se na internet como o novo chefe da pasta da Saúde encara a morte: economicamente, morra o velho e salve o novo, porque o novo, certamente, mais contribuirá para a economia.
Homens frios e calculistas jamais serão bons gestores na crise.
Não há heróis sem paixão.
O Dr. Teich, até agora, só mostrou tê-la pelo poder, aceitando o chamado do Anjo da Morte tupiniquim para ser o operador de uma máquina de mortes, que em certos lugares, na Alemanha, tinha, sobre os umbrais do inferno, o Arbeit Match Frei, o trabalho liberta.
Como se disse em seu pronunciamento, o emprego é o mesmo que vida e se alguém não puder exercê-lo,então que…