O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump enfrentará um juiz que já sentenciou um aliado seu, julgou caso envolvendo sua organização e supervisionou um caso de Steve Bannon, seu ex-conselheiro. Ele deve entrar em tribunal de Nova York nesta terça (4) e encarar o juiz interino da Suprema Corte, Juan Merchan.
O magistrado foi o responsável por sentenciar Allen Weisselberg, confidente de Trump, à prisão. Segundo seu advogado, Nicholas Gravante, o juiz é “preparado, acessível e um homem de palavra”. “Ele foi claro ao sinalizar suas inclinações judiciais, o que me ajudou tremendamente ao dar ao Sr. Weisselberg aconselhamento jurídico informado”, afirmou o advogado à CNN.
Ao condenar o ex-conselheiro de Trump, Merchan disse que daria a ele uma sentença “muito maior” se não tivesse lhe prometido uma prisão de cinco meses.
Outras pessoas que já trabalharam com Merchan descrevem o juiz como “duro”. A advogada Karen Friedman Agnifilo, que já trabalhou como promotora assistente-chefe no Gabinete do Procurador do Distrito de Manhattan, diz que ele não permite que pessoas envolvidas nos julgamentos criem “circo”.
“Não permite que os promotores ou os réus criem quaisquer problemas em seu tribunal. Ele não deixa um circo da mídia, ou qualquer outro tipo de circo acontecer. Não acho que Donald Trump atacá-lo e ameaçá-lo será um bom presságio para ele no tribunal”, afirma.
Ele também presidiu o caso de fraude criminal de Bannon e repreendeu a equipe de advogados do ex-assessor de Trump por atrasar o caso após pedido de mais tempo para revisão de evidências.
Além dos julgamentos da Organização Trump e de seus aliados, Merchan também já presidiu outros casos de destaque, como o da “mãe do futebol”, quando estabeleceu uma fiança de US$ 2 milhões para Anna Gristina, acusada de administrar serviço de acompanhantes de luxo para homens ricos. O juiz também condenou um senegalês de 25 anos a prisão perpétua por ter estuprado e assassinado sua namorada.
Ele ainda ajudou a criar o Tribunal de Saúde Mental de Manhattan, onde preside alguns casos e é visto por colegas como responsável por decisões “compassivas”.
O magistrado iniciou sua carreira na Justiça em 1994, como promotor público assistente no Ministério Público de Manhattan. Ele trabalhou no escritório do procurador-geral do estado anos depois e foi nomeado, em 2006, para o Tribunal de Família no Bronx.
Em 2009, Merchan foi para o Tribunal de Reivindicações de Nova York, mesmo ano em que começou a atuar como juiz interino da Suprema Corte de Nova York.