PUBLICADO ORIGINALMENTE NO EMPÓRIO DO DIREITO
Eu acabo tendo de admitir ser impossível convencer:
As pessoas irracionais a adotarem um pensamento lógico;
O ignorante a desejar o conhecimento;
O religioso a ter uma consciência crítica;
O “crente fanático” a aceitar as verdades reveladas pela ciência;
O inculto a ter o hábito da leitura;
O idiota a usar o celular para aprimorar seus conhecimentos;
O analfabeto político a saber o que é social democracia, socialismo, comunismo;
O jovem de que ele pode ser rebelde e contestar os velhos valores das gerações passadas;
Os liberais de que o livre mercado não distribui, mas leva à concentração da renda;
Os egoístas de que os outros devem ter os mesmos direitos e regalias que eles;
O pobre ingênuo de que a sociedade é dividida em classes e de que elas têm interesses antagônicos;
O explorado de que ele precisa tomar consciência do processo de exploração a que está submetido;
O defensor da liberdade na sociedade capitalista de que esta liberdade é mais abstrata do que real, na medida em que só as classes mais favorecidas dela podem efetivamente usufruir;
O alienado de que não há pais sem governo e de que não há governo sem política, sendo a sua alienação muito boa para a manutenção de governos déspotas;
O consumista de que ele é um instrumento que enriquece os empresários e empobrece o seu espírito;
O individualista de que os outros também têm direito à felicidade;
O velho de que sua vida valeu a pena;
O conservador de que nada é perene e de que, em sociedade, tudo está em movimento e as transformações são inevitáveis;
Ao ingênuo de que a grande mídia não é imparcial e defende os interesses da classe empresarial;
Ao pessimista de que a justiça social algum dia será alcançada, sendo vários os caminhos para lá chegar.
Entretanto, confesso: não vou desistir jamais. Este texto é a prova disso…