É fácil entender por que não há panelaços contra Temer. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 28 de maio de 2017 às 8:21
Palhaço?
Palhaço

 

Uma das queixas mais frequentes entre os simpatizantes de Dilma é esta: onde foram parar as panelas?

A cada denúncia de corrupção, a questão reaparece nas redes sociais: e aquele pessoal que batia panela o tempo todo?

Pois bem.

Houve nas redes sociais registros de panelas no pronunciamento de Temer no Natal.

Mas nada comparável aos panelaços de antigamente.

Que houve com elas, as panelas? O fato é que elas já não são as mesmas.

Os panelaços eram não exatamente contra a corrupção. Eram contra o PT e Dilma. Por isso sumiram.

Qualquer coisa servia de pretexto para ir para a janela do apartamento com uma panela. Os tolos estavam sendo manipulados, mas pensavam estar fazendo história.

Era uma atitude que para sempre estará vinculada a uma classe média reacionária e visceralmente analfabeta política.

É um tipo de gente que aceita corrupção nos outros, e até em si própria. Mas no PT qualquer boato, qualquer suspeita de corrupção é um horror de proporções ciclópicas.

Outra diferença vital entre as panelas está na mídia.

A imprensa decide a repercussão que vai dar a qualquer manifestação. O jornalismo de guerra dá volume máximo para protestos contra o PT, e mínimo ou nenhum para os outros.

Ainda que houvesse uma adesão maciça às panelas na fala televisiva de Temer, isto não teria sido notícia.

Há panelas e há panelas. Aquelas que vinham envoltas em xingamentos contra Dilma e o PT só sairão das cozinhas quando — e se — o PT voltar ao poder.

Até lá, pode esquecer.