Que situação a de Augusto Nardes. Teve que emitir o parecer do Tribunal de Contas da União determinando o óbvio, que Bolsonaro não pode usar nem vender as joias das arábias da segunda caixa de presente.
E ainda teve que ver o nome acrescido sempre da mesma informação na capa dos jornais. Nardes, aquele que alertou sobre o golpe, informam os jornais.
Um bolsonarista teve de dizer o que qualquer outro ministro do TCU diria: que Bolsonaro não é dono das joias.
O sujeito terá de aguardar a decisão final do tribunal sobre o destino das joias, que também é óbvio: a muamba deve ser repassada ao patrimônio da União.
Muitos imaginaram que Nardes iria passar pano. Não tinha como. Depois do áudio de novembro, enviado a amigos depois da eleição, em que previa um levante nos quartéis, o cara ficou mal.
Nem deveria estar julgando nada no TCU. Mas quem acha que é anormal é metade da população. A outra metade acha que tudo bem.
Um ministro do TCU, que avisou os amigos, em tom dramático, que poderia acontecer um golpe, deveria estar em casa vendo série espanhola e aguardando o julgamento do seu caso.
O jornalista Jefferson Miola pediu informações ao TCU sobre possíveis investigações em torno da conduta de Nardes e não obteve nenhuma resposta concreta. O TCU informou apenas que a corregedoria estaria apurando os fatos.
O que se tem é que o TCU, o TSE, o Supremo, todos vão deixar o tempo passar, para que Nardes continue no cargo.
Miola apurou que ele recebeu remuneração bruta de R$ 81 mil em janeiro e R$ 97 mil em fevereiro.
Um ministro do TCU que dissemina um alarme contra a democracia, contra o resultado da eleição, contra o TSE, contra Lula e contra o povo que elegeu Lula, esse ministro deveria ter sido afastado.
Um ministro da corte que fiscaliza a correção de homens públicos em nome da lisura das contas, que fez o papel de emissário dos golpistas, não poderia nunca estar trabalhando para fazer valer a legalidade.
Mas Nardes está lá e teve que pagar o mico de contrariar Bolsonaro e de ver o nome associado de novo, em todos os sites e nas redes sociais, ao golpe que não deu certo.
Originalmente publicado por Blog do Moisés Mendes
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