O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se aproveitou de uma missão oficial a Buenos Aires, na Argentina, para se encontrar com Fernando Cerimedo, guru da extrema-direita que divulgou vídeo com fake news sobre as urnas eletrônicas do Brasil. A informação é da coluna de Juliana Dal Piva no UOL.
Cerimedo diz ter agido de forma independente para ajudar o ex-presidente Jair Bolsonaro e que não recebeu nada por isso. No entanto, Eduardo fez pagamentos a um funcionário de uma das empresas de Cerimedo para trabalhar em sua campanha de reeleição no mesmo período.
Eduardo nunca divulgou publicamente o caráter oficial da viagem ou com quem foi se encontrar na Argentina, mas um documento do Itamaraty revela que a pasta e a Câmara dos Deputados deram apoio institucional à viagem, que ocorreu em plena campanha eleitoral.
A visita foi comunicada à embaixada do Brasil no país em 10 de outubro de 2022. O documento foi classificado como “muito urgente” e relatava que ele iria “participar do Ciclo de Atividades para a Difusão das Ideias de Liberdade, entre 12 e 15 de outubro”.
Eduardo omitiu informações sobre a viagem e, segundo o Legislativo, ele foi à missão com o objetivo de “estreitar laços para alcançar o crescimento econômico sustentado (sic) da região”. Ao contrário do que diz a Câmara, ele cumpriu uma agenda eleitoral no país.
O deputado viajou acompanhado de Giovanni Larossa, correspondente no Brasil do portal La Derecha Diário, veículo que pertence a Cerimedo, que recebeu ao menos R$ 3,9 mil em pagamentos, segundo contas prestadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Foi o La Derecha Diário que fez uma live, no dia 4 de novembro, divulgando um suposto dossiê com informações falsas sobre as eleições. O material foi compartilhado depois da derrota de Bolsonaro nas eleições e usada por aliados do ex-presidente para levantar suspeitas sobre o resultado da disputa.
“Eu sou um herói para metade do país. Eles me chamam de argentino mais amado do Brasil”, disse Cerimedo após a transmissão. Ele negou ter sido contratado pela campanha de Bolsonaro e diz que foi abordado por um amigo “que é um estudioso do Brasil e um fã de Bolsonaro”.
“Nem os militares nem ninguém do partido me contatou antes da transmissão. Eu não conseguia nem falar com o Eduardo”, alegou.