O Banco Central anunciou que o nível das reservas internacionais do Brasil atingiu seu maior patamar em cinco anos, fechando setembro em US$ 372 bilhões. Em setembro de 2022, durante o governo Bolsonaro, esse valor era de US$ 324 bilhões, o menor nos últimos 10 anos, representando um crescimento atribuído, segundo especialistas, à valorização dos títulos públicos dos Estados Unidos, que compõem grande parte dessas reservas, além das políticas financeira do governo Lula.
Esse montante é visto como um “colchão” de segurança para a economia, especialmente em períodos de crise cambial. As reservas, de acordo com o BC, ajudam a amortecer flutuações bruscas no câmbio e a manter a estabilidade do mercado, oferecendo previsibilidade aos agentes econômicos.
O Banco Central informou que três fatores principais contribuíram para o crescimento das reservas em 2024: o ganho de preços, com US$ 6,7 bilhões; a receita de juros, de US$ 6,4 bilhões; e as variações de paridade, com US$ 3,6 bilhões, influenciadas pelas taxas de câmbio das moedas que compõem as reservas brasileiras.
Para Sílvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria, o Brasil já tinha um nível de reservas considerado “volumoso”, e o aumento recente reforça a posição confortável do país frente às contas externas. “Esse movimento marginal favorece porque valorizou os ativos que nós temos em reserva, mas de certa forma não muda muito o que é relativamente confortável”, explicou o economista em entrevista ao Valor Econômico.
Em casos de desfuncionalidade no mercado, o BC tem o poder de usar essas reservas para intervir. Em 2024, a instituição fez uma intervenção, vendendo US$ 1,5 bilhão em agosto.
A medida, segundo o presidente do BC, Roberto Campos Neto, foi necessária devido a um movimento atípico causado pelo rebalanceamento de um índice, o EWZ (MSCI Brasil ETF), que passou a incluir empresas como Nubank, XP, PagBank e Stone. Apesar da recente alta do dólar, o BC não voltou a intervir no câmbio, mantendo a política de câmbio flutuante.
Campos Neto, que frequentemente afirma que o câmbio é um bom “absorvedor de choques”, ressalta que o BC tem reservas suficientes para intervir se necessário. Gabriel Galípolo, diretor de política monetária e futuro presidente do Banco Central, enfatizou que as decisões de intervenção no câmbio são sempre colegiadas, garantindo maior estabilidade nas ações do órgão.
As reservas brasileiras são compostas por ativos como títulos, depósitos em moedas estrangeiras e ouro. A maior parte desse valor, cerca de US$ 299 bilhões, está investida em títulos, majoritariamente em dólares. Essa concentração, de aproximadamente 80%, reflete a política de segurança e rentabilidade do Banco Central, alinhada ao padrão de outros países.
O relatório das reservas de 2023 destaca que, com a perspectiva de queda de juros nos EUA, os títulos americanos – que são a maior parte das reservas – tiveram aumento de valor, como explica Sílvio Campos Neto: “Quando você tem uma perspectiva de queda de juros, as taxas de mercado caem e o preço do papel […] vale mais”.
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