Na Argentina, médicos estão vivendo com salário abaixo da linha de pobreza durante o governo de Javier Milei, presidente de extrema-direita. O hospital-escola da Universidade de Buenos Aires (UBA), a maior instituição do tipo no país, tem enfrentado “a maior crise dos seus últimos anos”, segundo Marcelo Melo, diretor da unidade.
“Nunca vivemos uma situação como esta. Os outros anos foram difíceis, mas este ano está pior”, afirmou Melo á coluna de Amanda Cotrim no UOL. O orçamento da instituição atualmente tem 10% destinado a insumos e o restante, 90%, ao pagamento de salários. Os remédios, no entanto, enfrentam uma inflação de mais de 1000% atualmente.
Com as limitações orçamentárias, 80% dos cerca de 3 mil funcionários do hospital da UBA estão com salários abaixo de 900 mil pesos (cerca de R$ 4 mil), valor próximo ao estimado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censo da Argentina para que uma pessoa não seja considerada pobre.
Alguns deles, no entanto, têm recebido salários mais baixos por trabalharem 7 horas por dia, enquanto os profissionais contratados para emergência recebem apenas 300 mil pesos (cerca de R$ 1,3 mil) por mês. “São profissionais com título, que estudaram, que cuidam da saúde da população; não podem receber salários abaixo da linha da pobreza”, afirma o diretor do hospital.
Facundo Viola, residente de traumatologia e ortopedia no hospital da UBA afirma que só o aluguel de um estúdio ou quarto em Buenos Aires custa cerca de 600 mil pesos (R$ 2,6 mil) e os gastos para viver na capital ultrapassam um milhão de pessoas (R$ 4,5 mil).
“É um período complicado para ser médico. Um residente tem dedicação exclusiva e não pode trabalhar em outros hospitais para complementar a renda. Com esse salário, não é possível viver com o básico”, conta.
A própria UBA sofreu um corte de orçamento e precisou ficar sem energia e dar aulas na rua para economizar. Por isso, argentinos têm convocado um protesto para esta quarta (2) numa tentativa de impedir o veto de Milei a um projeto de lei de orçamento universitário aprovado pelo Senado do país.
O porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, no entanto, afirmou em coletiva de imprensa na última semana que o governo não vai reverter sua política de ajuste fiscal e prometeu cortar ainda mais gastos.
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