Publicado originalmente no blog Tijolaço
POR FERNANDO BRITO
A reportagem da Folha, em parceria com o The Intercept, revela que os procuradores da Força Tarefa da Lava Jato sonegaram, deliberadamente, da Ministra Rosa Weber, do STF, trechos da escuta feita sobre os telefones de Lula e de seu advogado, Roberto Teixeira, às vésperas da condução coercitiva que prendeu, por algumas horas, o ex-presidente no Aeroporto de Congonhas, no início de março de 2016.
Tinham medo – alegavam – que as informações vazassem no Supremo Tribunal Federal – vazamento bom eram só os que faziam – e chamasse a atenção para o “bote” sobre Lula que já estava determinado por Sergio Moro e se realizaria poucos dias depois.
E pedem a interferência de Moro junto à Ministra, de quem tinha sido assessor, para deixar com eles o caso:
Deltan- Não tem nada de errado tentar convencer a Rosa Weber ou um diálogo com ela… e a simples publicidade vai colocá-la na parede, aí sim concordo, quanto às decisões que ela vai proferir…
Não há informações para dizer que Moro fez este contato, mas fica evidente que a Lava Jato o fez, enviando o chefe de gabinete de Rodrigo Janot, Eduaro Pelella, para uma conversa com seu homólogo no gabinete de Weber:
Eduardo Pelella – Informações entregues. Memoriais entregues, de novo, também. Boa conversa com o chefe de Gabinete dela. Mas o cara é fechadão
Deltan- Sensacional!!!! Obrigado!!!
Rosa Weber não deu a decisão liminar pedida pela defesa de Lula e, com isso, abriu espaço para a realização da espalhafatosa condução coercitiva do ex-presidente.
Na prática, fica caracterizada a deslealdade processual, tanto que, ao recusar o pedido de Lula para que se sustasse as investigações até que se decidisse se o processo contra ele seria de competência da Justiça de São Paulo ou, como ficaria sendo, da de Curitiba.
Mas, a esta altura, falar em lealdade e Operação Lava Jato chega a soar debochado.