Candidato à reeleição em Campinas, o prefeito Dário Saadi (Republicanos) despontou nesta eleição como o político preferido dos milionários da região. Acabou, porém, abandonado pelos donos do dinheiro assim que sua candidatura foi cassada pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), após sua campanha utilizar áreas restritas da prefeitura como cenário para o programa eleitoral da televisão.
A candidatura de Saadi foi cassada a pedido da Coligação Mudança de Verdade (PT, PCdoB, PV, PSOL e Rede). Após o ato da Justiça, o maior adversário de Saadi na corrida eleitoral, o deputado federal Pedro Tourinho (PT), cresceu nas pesquisas e empatou com o republicano na disputa pela maior cidade do interior de São Paulo.
A cassação de Saadi veio de uma decisão da Justiça Eleitoral tomada no dia 19. Até ali, o candidato era um dos que mais arrecadava recursos com pessoas físicas no Brasil.
Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que mais de R$ 2,5 millhões foram doados para Saadi até aquela data só por cidadãos, sem contar dinheiro vindo de partidos e outras fontes de receita.
Com esse valor, Saadi é o terceiro candidato que mais arrecadou com pessoas físicas no país, atrás de Fuad Noman (PSD-MG), de Belo Horizonte, e Tabata Amaral (PSB-SP), de São Paulo. Saadi arrecadou mais até que Pablo Marçal (PRTB), o quarto colocado.
A arrecadação do prefeito, especialmente entre os mais ricos, parecia ser extremamente bem sucedida. Em toda campanha, ele recebeu 162 transferências de recursos, até o dia 19 do mês passado. Dessas, 159 vinham de pessoas físicas, sendo que 158 eram de pelo menos R$ 10 mil.
Saadi chegou a receber três doações de R$ 100 mil ou mais. Um doador –o empresário José Francisco dos Santos, dono da empresa produtora de suco JF Citrus Holding– transferiu para sua campanha R$ 250 mil.
Pelas regras eleitorais, para doar esse valor, um cidadão precisa ter uma renda anual de pelo menos R$ 2,5 milhões declarada à Receita Federal, independentemente de seu patrimônio.
Acontece que, desde que Saadi foi cassado, nenhum centavo entrou para sua campanha. A estagnação está registrada na sua prestação de contas disponível no site do TSE.
O candidato, no entanto, já se prepara para enfrentar um segundo turno acirrado contra Tourinho. Seu adversário segue arrecadando ao mesmo passo que cresce nas pesquisas.
O cenário em Campinas fica cada vez mais apertado para o prefeito Saadi. E, ainda que venha a se reeleger, poderá ser impedido de assumir já que, sob a ótica da Justiça Eleitoral, neste momento, ele nem deveria estar disputando a eleição.