O jornalista e escritor brasileiro Elio Gaspari disse que Lula fez bem ao tocar no tema do aborto em coluna à Folha de São Paulo. Ele também criticou as reações a fala e associou o Brasil ao Curupira, “Vive no mato e quem se aproxima dele perde a noção de rumo.”
Na declaração, Lula disse que “Aqui no Brasil não faz [aborto] porque é proibido, quando, na verdade, deveria ser transformado numa questão de saúde pública, e todo mundo ter direito e não ter vergonha. Eu não quero ter um filho, eu vou cuidar de não ter meu filho, vou discutir com meu parceiro. O que não dá é a lei exigir que ela precisa cuidar”.
Apesar de já ter declarado ser pessoalmente contrário ao aborto, Elio Gaspari disse que Lula se manifestou “noutra direção, a do reconhecimento de que é um direito da mulher decidir interromper uma gravidez.”
“Toda vez que a política brasileira é envenenada pela satanização desse assunto, uma coisa é certa: alguém chegou perto de um Curupira e está sem rumo”, acrescentou.
Leia mais:
1 – Elio Gaspari elogia ministro do STJ que condenou Dallagnol: “Espetáculo tem preço”
2 – Elio Gaspari diz que bloqueio do Telegram é ‘aperitivo’ de Moraes em ano eleitoral
3 – Elio Gaspari: Lula deve perdoar políticos que apoiaram sua prisão, mas não ex-Lava Jato
“Hoje o abordo tornou-se uma questão de saúde pública”, afirma Elio Gaspari
Gaspari citou o filme “Pixote”, que relata o aborto de Marília Pêra com uma agulha de tricô. Ele disse que o aborto “tornou-se uma questão de saúde pública pelos casos parecidos com os de ‘Pixote’ e pelo progresso da medicina.”
Atualmente, cerca de 250 mil mulheres são internadas anualmente por complicações de abortos clandestinos. Os medicamentos vendidos ilegalmente podem causar infertilidade, infecções, sangramentos e, em última instância, à morte.