Um levantamento da Rede de Observatórios, divulgado nesta quinta-feira (16), revelou que uma pessoa negra foi morta por intervenção policial a cada 4 horas em 8 estados brasileiros no ano passado.
Os dados foram extraídos de informações disponibilizadas pelas secretarias de segurança pública através da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Subnotificação e informação racial
Dos 3.171 registros de morte analisados no estudo “Pele Alvo: a bala não erra o negro”, em que a cor foi declarada, 87,35% eram pretos, totalizando 2.770 pessoas.
A pesquisa destacou ainda, a subnotificação da informação racial, com 1 em cada 4 ocorrências (25%) sem a informação sobre cor.
O destaque foi para o Maranhão, que não inclui esses dados pelo menos desde 2020. No Ceará, os registros foram feitos em apenas 30,26% do total. No Pará, em 33,75%.
No Ceará, ficou constatado que em 69,74% das 152 mortes não foram identificadas informações sobre cor. Nos casos que tinham o dado, 80,43% das mortes foram de pessoas negras e sete de cada dez vítimas tinham entre 18 e 29 anos – fato que chamou a atenção dos pesquisadores.
No Pará, a informação sobre raça foi omitida em 66,24% das vítimas. Mas, entre os casos em que é identificada, as pessoas negras representam 93,90% das mortes por intervenção policial. A capital, Belém, tem o maior número de mortes por intervenção policial, com 83 casos, seguida pela cidade de Parauapebas, com 41.
Bahia e Rio de Janeiro no foco
Os estados analisados foram Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, e São Paulo. A Bahia liderou o número de mortes de pessoas negras, com 1.121 casos, representando uma mudança no ranking entre 2021 e 2022. O Rio de Janeiro, que ocupava a liderança, ficou em segundo lugar, totalizando 1.042 mortes.
São Paulo: Redução e atribuições
São Paulo apresentou uma redução de 48,32% no número de mortes, passando de 867 vítimas em 2021 para 419 no ano passado. Os pesquisadores atribuem essa queda significativa a políticas de redução da letalidade e ao uso de câmeras corporais pela polícia.
A pesquisa, por fim, enfatizou a importância de considerar a letalidade de pessoas negras pela polícia como uma questão política e social. Os dados apontam para a necessidade de alocar recursos para políticas públicas que garantam segurança para toda a população.
“É necessário tomar a letalidade de pessoas negras causada por policiais como uma questão política e social. As mortes em ação também trazem prejuízos às próprias corporações que as produzem. Precisamos alocar recursos que garantam uma política pública que efetivamente traga segurança para toda a população”, afirmou Silvia Ramos, cientista social e coordenadora da Rede de Observatórios.
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