Em ato raro, diplomatas contestam Ernesto Araújo sobre invasão do Capitólio nos EUA

Atualizado em 8 de janeiro de 2021 às 17:32
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado.
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os comentários do chanceler Ernesto Araújo sobre a tentativa de golpe nos EUA feita por Trump abriram uma crise interna no Itamaraty.

Araújo criticou qualquer tentativa de qualificar manifestantes de fascistas. “Há que parar de chamar “fascistas” a cidadãos de bem quando se manifestam contra elementos do sistema político ou integrantes das instituições. Deslegitimar o povo na rua e nas redes só serve para manter estruturas de poder não democráticas e seus circuitos de interesse”, afirmou o aliado incondicional de Donald Trump.

No Twitter, a Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB) respondeu aos comentários do chefe da pasta, ainda que não tenha citado nem o nome do chanceler e nem suas mensagens anteriores.

Veja o texto completo:

A respeito dos acontecimentos que ocorreram esta semana em Washington-DC, nos #EUA, a ADB Sindical registra o entendimento de que manifestações populares são uma dimensão indissociável dos direitos e garantias fundamentais salvaguardados em qualquer regime democrático.

No entanto, o exercício dos direitos à liberdade de expressão e à livre reunião e associação deve ocorrer de forma pacífica.

Por isso não se confunde com tentativas de subversão da vontade soberana do eleitor, por meio da violência e da destruição do patrimônio público, como as vistas na sede do legislativo norte-americano.

Nas democracias, divergências e insatisfações, sobretudo de natureza política, são inerentes à vida em sociedade e devem ser encaminhadas pacificamente pelas vias institucionais democraticamente criadas para esse fim.

O recurso à violência deve ser liminarmente repudiado, quaisquer que sejam seus autores”.