Em delação, Lessa diz que receberia terrenos ilegais de R$ 100 milhões por matar Marielle

Atualizado em 1 de junho de 2024 às 15:27
Na gravação da delação que durou cerca de duas horas, Ronnie Lessa confessa o crime, aponta os mandantes, conta como foi o planejamento e qual seria o pagamento pela execução. Foto: Reprodução/TV Globo

A delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco (PSOL), forneceu informações cruciais sobre os mandantes, participantes e motivações por trás do homicídio. No depoimento,  Lessa detalhou o planejamento do crime que visou o lucros milionários através de empreendimentos imobiliários ilegais e a garantia de sua impunidade por parte de autoridades policiais.

Segundo Lessa, os mandantes do crime foram os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, que teriam articulado o assassinato de Marielle devido à sua oposição aos interesses das milícias, especialmente relacionados à não adesão aos novos loteamentos. Em troca do homicídio, ele afirma ter sido prometido a ele dois loteamentos em Jacarepaguá, com um lucro estimado em mais de 100 milhões de reais.

Os encontros entre Lessa e os Brazão ocorreram em uma casa próxima ao haras da família, onde discutiram detalhes do plano. Outro personagem mencionado por Lessa é o ex-policial Macalé, que teria fornecido a arma e o carro usados no crime, além do endereço da residência de Marielle. A polícia identificou também um topógrafo que realizava serviços para a milícia, indicando o planejamento detalhado do empreendimento ilegal.

Lessa revelou ainda a criação de uma nova milícia na Zona Oeste do Rio, visando explorar serviços como internet clandestina e transporte, além da ocupação ilegal de terrenos. A vereadora Marielle, por sua atuação política e oposição aos interesses criminosos, foi colocada como obstáculo a esses planos, tornando-se alvo.

Marielle Franco. Foto: Reprodução

Motivações

Segundo a delação premiada de Ronnie Lessa, autor dos disparos, a motivação para o assassinato de Marielle Franco remonta ao segundo trimestre de 2017. Na época, Chiquinho Brazão demonstrava uma reação intensa à atuação da vereadora, especialmente em relação à votação do projeto de Lei à Câmara número 174/2016. Esse projeto visava a regularização de um condomínio inteiro em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, sem observar os critérios de área de interesse social, objetivando assim a obtenção do título de propriedade para fins de especulação imobiliária.

De acordo com Lessa, essa “descontrolada reação” de Chiquinho Brazão foi um dos motivos que levaram aos mandantes do crime a decidirem pela execução de Marielle. O relatório da investigação da Polícia Federal corroborou essa versão, afirmando que não há dúvidas sobre a motivação dos irmãos Brazão para o assassinato da vereadora. O ministro do Supremo Alexandre de Moraes, em seu despacho que autorizou a prisão da dupla, destacou a “divergência política em relação à regularização fundiária de condomínios na Zona Oeste do Rio” como o cerne do crime.

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