Em derrota da extrema-direita, chilenos rejeitam uma nova Constituição pela 2ª vez

Atualizado em 17 de dezembro de 2023 às 21:35
Votação do plebiscito chileno. Foto: Pablo Vera/AFP via Getty Images

Pela segunda vez, os chilenos rejeitaram a proposta de uma nova Constituição, freando o avanço da ultradireita no país. No referendo deste domingo (17), 56% da população votou contra a proposta consolidada nos últimos meses pela ultradireita, enquanto 44% votaram a favor.

Após quatro anos de debates, a população decidiu não revisar a atual Carta Magna liberal, herdada do regime do ditador Augusto Pinochet e escrita em 1980. Simbolicamente, o resultado também é uma espécie de vitória reversa para o presidente de esquerda, Gabriel Boric, que pressionou seu antecessor de direita, Sebastián Piñera, a iniciar o processo constitucional.

Boric, eleito em 2021, viu uma versão progressista da proposta ser rejeitada em 2022 e agora obteve um respiro com a rejeição da população à segunda versão, considerada mais conservadora.

O cientista político Gabriel Gaspar destacou que o resultado representa uma derrota para os republicanos, grupo liderado por José Antonio Kast, coloca a direita tradicional em evidência e fortalece a candidatura presidencial de Evelyn Mathei para 2025.

Os presidente chileno Gabriel Boric, e o líder da extrema-direita, José Antonio Kast. Reprodução

O clima nos colégios eleitorais durante o dia indicava a preferência pela atual Constituição como “a menos pior”. O tema do aborto dividiu a população, sendo um dos argumentos contrários à proposta devido ao temor de retrocesso nos direitos das mulheres.

O novo texto abria espaço para dificultar o procedimento ao introduzir o conceito de “objeção de consciência”. Após o resultado, Kast admitiu a incapacidade dos republicanos de convencer a população, mas afirmou que a esquerda também não pode celebrar. Ele destacou a demanda por mudanças e o encerramento de uma “etapa crítica da história”.

Após o plebiscito de 2019, onde 78% da população expressou o desejo de uma nova Constituição, Boric assumiu a Presidência com a promessa de mudança, mas enfrentou o fracasso do projeto.

A primeira redação, elaborada por uma Assembleia Constituinte, foi rejeitada por 62% da população. O presidente afirmou que, independentemente do resultado, o governo continuará trabalhando nas prioridades, como segurança, saúde e habitação.

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