Em evento com Haddad, gestores de fundos defendem revisão das metas de inflação

Atualizado em 15 de fevereiro de 2023 às 20:16
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad
Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Em evento promovido pelo banco BTG Pactual, na manhã desta quarta-feira (15), os gestores Rogério Xavier, da SPX Capital, Luis Stuhlberger, da Verde, e André Jakurski, da JGP, concordam que as metas de inflação deveriam ser revisadas para que sejam críveis. Eles fizeram questionamentos ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que também participou do evento, segundo informações do Valor Econômico.

Xavier já havia falado sobre o ajuste na sua primeira carta mensal aos investidores nesta semana, mas foi enfático hoje. “Se tem uma reunião a cada ano, em junho, para reavaliar as metas de inflação, por que é um dogma tão grande de corrigir?”, questionou.

“Por que os economistas são tão reticentes, na nossa linguagem, de ‘estopar'[corrigir] o erro? Estabeleceu-se uma meta de inflação há dois, três anos, que não vai se materializar. Por que o BC está perseguindo um objetivo inalcançável?”, acrescentou à pergunta.

O gestor afirmou que desde que o sistema de metas foi criado no Brasil, entre 1999 e 2000, apenas uma vez, em 2016, a inflação ficou abaixo de 3% (em 2,95%).

O referencial previsto pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para o ano de 2023 está em 3,25% com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Xavier argumentou que a meta definida há dois, três anos está errada depois da pandemia de covid-19, a guerra entre Rússia e Ucrânia e mudanças nas cadeias de produção e redução de investimentos em combustíveis fósseis pela descarbonização. De acordo com ele, as expectativas já estão desancoradas e não vai ser uma alteração de metas com um BC, sob o comando de Roberto Campos Neto, que vai mudar a credibilidade da política monetária.

O equilíbrio das contas públicas, segundo o gestor, deve ser encaminhado ao ministro da Fazenda, não tem relação com as metas de inflação, “mas ninguém tem coragem de dizer que não sente segurança fiscal no que está sendo proposto. Este é o motivo, não a meta de inflação. Ninguém tem coragem de dizer que não é o plano que gostaria de ter”.

Stuhlberger afirmou que concorda 100% com Xavier. Ele disse que acha que a discussão da meta de inflação cabível. “Não é o fim do mundo e implica em perda de credibilidade, buscar uma meta irrealista não é coisa boa para o Brasil. Concordo que tem quer ter um arcabouço fiscal crível, os dois juntos podem jogar o Brasil num lugar melhor”.

“E que a gente possa ter presidentes e ministros estadistas que pensem no Brasil no longo prazo”, acrescentou Stuhlberger, sendo aplaudido pela plateia.

Jakurski também disse acreditar que a meta de inflação está no lugar errado, mas que esse é um caso em que “a ordem dos fatores altera o produto”. Segundo ele, é preciso estabelecer uma regra fiscal que substitua o teto de gastos primeiro porque as medidas que estão sendo definidas em novas PECs não terão efeito imediato.

“Se a meta antiga não é boa, a nova vai ser mais leniente que a antiga, essa é a conclusão de qualquer ser humano.”

O gestor afirmou ainda que nenhuma solução vai ser uma “bala de prata”, mas que o governo precisa mudar a meta e criar condições para baixar os juros.

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