A ex-deputada estadual e professora da Faculdade de Direito da USP, Janaina Paschoal, causou polêmica ao propor uma questão em um exame aplicado a alunos da instituição. O exercício, que simulava um caso em que um professor atira contra estudantes que o ameaçam durante uma greve, foi considerado intimidador pelos estudantes, especialmente porque a universidade, incluindo o departamento de Direito, está paralisada há duas semanas, gerando conflitos entre alunos e professores.
Na questão apresentada na disciplina de Teoria Geral do Direito Penal II, os estudantes foram solicitados a escolher uma das opções e fundamentar sua resposta. Uma das alternativas pedia a análise da resolução 487 do Conselho Nacional de Justiça, enquanto a outra se tratava de um cenário hipotético de violência envolvendo grevistas e um professor que não aderia à paralisação.
A bolsonarista defendeu que essa atividade virtual era para atribuição de notas, uma vez que, devido à greve, não foi possível realizar a prova presencialmente. Segundo ela, o objetivo era permitir que os alunos aplicassem os conhecimentos sobre institutos da parte geral do direito penal que haviam estudado durante o semestre.
A professora, que é livre-docente em direito penal na USP, tem sido crítica aos protestos na universidade em suas redes sociais, questionando como a mobilização estudantil tem sido conduzida. Ela também mencionou casos de violência em outras instituições durante manifestações, como o caso de um professor da Unicamp que ameaçou um aluno com uma faca durante uma paralisação.
Nas redes sociais, Paschoal também tem descreditado as motivações dos estudantes, alegando que os protestos são “sem sentido” e orquestrados por partidos políticos. “Psol está incentivando greve na USP, greve em outros serviços, órgãos e entidades? Escrevam aí: a baderna vai levar à derrota de Boulos! Paulistano não gosta de bagunça não! Gosta de trabalhar, estudar e progredir”, publicou.
A "greve" sem sentido que está ocorrendo na USP, impedindo quem quer estudar de frequentar as aulas e quem quer lecionar de trabalhar, finda por legitimar discursos pela privatização. Com certeza, os alunos não fariam isso em Faculdades pagas. Primeiro, por pagarem; segundo,…
— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) September 27, 2023
Veja o exercício proposto por Janaina Paschoal:
“Em meio a uma paralisação estudantil, um professor insistir em ministrar suas aulas. Os organizadores do movimento, indignados, em um grupo de WhatsApp, combinam cercar o professor em seu veículo, quando de sua chegada à instituição de ensino. Um aluno contrário à greve envia o print das mensagens ao professor que, assustado, leva consigo um revólver. No caso, o professor tem o porte da arma, em razão de outra atividade profissional que exerce paralelamente e de forma absolutamente regular. Pois bem, no dia da aula, o professor segue normalmente para suas atividades acadêmicas e, realmente, na entrada do estacionamento, é cercado por pessoas com os rostos cobertos, que começam a depredar o seu carro, exigindo que desça. Com medo, o professor acelera o veículo e um dos agressores consegue abrir a porta do carro, puxando-o para fora. Neste momento, certo de que seria espancado, o professor dispara o revólver ferindo uma estudante que estava passando e não tinha relação com a situação. Com fulcro no Código Penal, analise a conduta do professor e, sabendo que o aluno que deu a ideia não participou do cerco, analise também a conduta do referido aluno”.
Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link